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MASC, IESE, CIP e OMR propõem aos doadores restaurar apoio a Moçambique mas por fora do Orçamento de Estado

Quatro organizações da sociedade civil moçambicana, “considerando as proporções de sofrimento da maioria da população que são os pobres”, propõem que os doadores estrangeiros retomem o apoio ao nosso país, mesmo sem o esclarecimento das dívidas ilegais, porém canalizando o seu dinheiro por fora do Orçamento do Governo de Filipe Nyusi.

A Fundação MASC, o Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), o Centro de Integridade Pública (CIP) e o Observatório do Meio Rural (OMR) propõem aos Parceiros de Cooperação, “restaurar gradualmente o apoio aos sectores sociais tais como educação, saúde, água e saneamento, não por via do orçamento, na medida em que as pré-condições que permitiram a contratação das dívidas ocultas ainda se mantém na gestão administrativa e financeira do Estado”.

Num comunicado dirigido aos doadores, que desde a descoberta das dívidas ilegais da Proindicus e da Mozambique Asset Management(MAM) suspenderam o seu apoio directo ao Orçamento de Estado (OE) e cortaram significativamente os apoios que concediam aos sectores sociais, estas organizações da sociedade civil sugerem “condicionar a cooperação e o financiamento para outras áreas da responsabilidade do Estado, a medidas concretas relacionadas com a clarificação de todos os pontos da investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR) relativas ao Relatório Kroll”.

Além disso, “sujeitar a utilização dos fundos a um manual de procedimentos administrativos e financeiros definidos com o Estado, salvaguardando a transparência dos actos públicos e privados associados à utilização desses fundos” e também “sujeitar desembolsos adicionais à verificação e auditoria por entidades especializadas independentes, isto é, certificar que os fundos foram gastos exactamente no acordado e que os bens e/ou serviços foram realmente prestados”.

“Privilegiar em igualdade de condições perante os termos de referência dos contratos de execução, que as actividades a desenvolver no âmbito dos apoios à educação, saúde, água e saneamento, sejam executadas por organizações da sociedade civil do quarto sector, com vocações e mandatos estatutários afins” é outra das propostas do MASC, IESE, CIP e OMR como forma de minimizar o sofrimento do povo moçambicano que tem sido o mais castigado pelas dívidas ilegais.

Ainda sobre as dívidas ilegais, o bastonário da Ordem dos Advogado de Moçambique (OAM), Flávio Menete, disse, na abertura do ano judicial, na semana finda, que, relativamente ao processo comummente denominado como o “caso das dívidas ocultas”, constitui um passo importante a remessa de informação ao Tribunal Administrativo.

Contudo, “convenhamos que, para um Processo de Instrução Preparatória identificado como sendo n.º 1/2015, sem arguidos constituídos volvidos três anos, mesmo depois do relatório da Kroll revelar que 500 milhões de dólares norte-americanos tiveram uma aplicação desconhecida, é, no mínimo, estranho. Há necessidade de se tratar este processo com a seriedade que ele merece, sob pena da justiça moçambicana cair num descrédito total”.

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