Com o propósito de promover o debate sobre a interculturalidade e o desconhecimento mútuo no contexto da era global, arrancou na última terça-feira, 27 de Fevereiro, em Maputo, o 3º ciclo de debates académicos designados por Tertúlias Itinerantes – 2018.
Esta iniciativa, que irá decorrer até Novembro deste ano, com a apresentação e discussão de 10 sub-temas, sendo um por cada mês, irá escalar diversos lugares da capital do País, tal como avançou Sara Laisse, co-coordenadora das Tertúlias Itinerantes e docente na Universidade Politécnica.
Conforme assegurou, o propósito das Tertúlias Itinerantes deste ano é o de dar continuidade ao diálogo em torno da interculturalidade, o tema geral desta iniciativa e que vem sendo discutido, desde a primeira edição em 2016: “No presente ano, não só alargamos o leque de oradores, como também diversificamos as áreas de especialidade dos académicos que irão abordar os sub-temas”.
No tocante aos locais onde irão decorrer os debates, Sara Laisse avançou que os mesmos foram diversificados, visto que “queremos levar a discussão do tema geral para diferentes lugares e públicos da cidade de Maputo, uma forma encontrada de integrar mais a comunidade, para que possa ajudar a disseminar o princípio do diálogo intercultural, visto que este debate não se deve limitar aos teóricos e pensadores, dentro das universidades”.
Eduardo Lichuge, co-coordenador e docente na Escola de Comunicação e Artes, da Universidade Eduardo Mondlane, explicou, por sua vez, que a decisão da realização desta 3ª edição prende-se com a aceitação do público, bem como com a qualidade dos debates anteriores: “Para nós, é sempre bom ter uma casa cheia.
A partir das Tertúlias passadas, entendemos que estávamos a fidelizar o público, visto que tínhamos um público leal ao programa, facto que nos estimulou bastante a continuarmos com este evento”, disse. Falando, especificamente, sobre a edição do ano passado, Eduardo Lichuge assegurou que foi muito bem conseguida.
“As participações sempre foram de encontro com as nossas expectativas e esperamos que esta edição, a de 2018, seja ainda melhor”, manifestou.
Entretanto, o orador da 1ª sessão desta 3ª edição, o especialista em Física Biomédica, Mário Forjaz Secca, abordou o tema “Dissonâncias Culturais: O confronto científico e humanista e o confronto europeu e africano”. Falou sobre a existência de um confronto clássico entre a cultura científica e a cultura humanista.
Referiu, na sua abordagem, ter achado que “havia um paralelo neste confronto entre a cultura europeia e a africana porque, normalmente, a cultura europeia se defende como a garante das ciências, da tecnologia, sendo responsável pela mudança tecnológica do mundo, e criticando, por vezes, África, por alegadamente ser um continente pouco tecnológico sendo, por isso, mais humanista”.
“Mas o que se passa, na verdade, é que este conflito já existe dentro da própria Europa, entre a cultura científica muito racional e a cultura poética humanista. Ou seja, estão a transferir um conflito existente no continente europeu, fazendo as pessoas pensarem que se trata de um confronto entre culturas de dois continentes”, argumentou.
Na sua apresentação, Mário Forjaz Secca chegou à conclusão de que os conflitos existem por todo o lado: “A única solução existente, quando há mistura de culturas, é as pessoas fazerem pontes, dialogarem abertamente, assumindo que há sempre diferenças e diversidades culturais. Todos nós temos um pouco da cultura do outro, por exemplo, a cultura científica tem um pouco de cultura humanista e vice-versa”, concluiu.
Importa referir que as Tertúlias Itinerantes decorrem sob o lema “Fluxos de comunicação intercultural no espaço de língua portuguesa: debater o desconhecimento mútuo no contexto da era global”.
Esta iniciativa académica é coordenada, para além dos docentes mencionados, também por Lurdes Macedo, da Universidade Lusófona, de Portugal. Esta primeira sessão teve lugar no anfiteatro da Biblioteca Central da Universidade Politécnica.

