“Com o início da construção da ponte de Caia, sobre o rio Zambeze, vislumbra-se uma luz no fundo do túnel, rumo ao desenvolvimento socioeconómico e cultural de Moçambique, visto que as regiões Sul, Centro e Norte estarão completamente ligadas, via terrestre” estas palavras foram pronunciadas por Armando Emílio Guebuza, Presidente da República, no dia 20 de Dezembro de 2005 no lançamento da primeira pedra da ponte que leva o seu nome.
Já no dia 1 de Agosto de 2009, fim do seu mandato de cinco anos, o mesmo Chefe de Estado teve o privilégio de orientar a segunda cerimónia, desta feita para dar o aval de os automobilistas poderem passar sem interrupção pela ponte, baptizada com o seu próprio nome.
O acto foi presenciado por mais de 100 mil pessoas oriundas das diversas províncias do país.Também diferentes personalidades, entre parte dos membros do Conselho de Ministros, bem como diplomatas acreditados no país testemunharam o acto. Discursando, Guebuza voltou a destacar que aquela infra-estrutura constitui, sem sombra de dúvidas, a espinha dorsal para o desenvolvimento em todos os sentidos, propiciando a criação de melhores condições de vida aos cidadãos.
O estadista moçambicano foi mais longe na sua alocução perante uma moldura humana presente na cerimónia, quando disse que “esta ponte vai cimentar cada vez mais a unidade nacional, desenvolvendo Moçambique”. Guebuza disse estar ciente de que não há dúvidas para ninguém sobre as vantagens que aquele empreendimento trará para o país e não só.
Explicou que assim que foi concluída a ponte, a “Unidade Nacional” estará também cimentada e, consequentemente, promoverse- á o desenvolvimento de Moçambique. “Hoje é o dia de festa, estamos em festa, porque acabamos de efectuar em conjunto a inauguração da ponte sobre o rio Zambeze, que permite ligar o Norte, Centro e Sul do nosso país”, referiu. Aquele acto, frisou, constitui o corolário de um processo iniciado na década de ´70. Disse que o rearranque do projecto cria “para nós a certeza de que com a nossa dedicação e autoconfiança, é possível materializar o que planificámos, com vista a melhorar as condições de vida do nosso povo”.
Guebuza lembrou que a construção da referida ponte iniciou em 1976 e foi interrompida devido a problemas relacionados com a natureza técnica do projecto. Depois da sua reformulação, o Governo, com os seus próprios recursos decide, em 1979, reiniciar as obras de edificação, as quais viriam a ser novamente interrompidas. “Hoje, estamos a materializar aquilo que foi sempre o sonho de muitos moçambicanos”, sublinhou o Presidente da República, que interrompia o seu discurso para dar tempo aos aplausos dos presentes, numa clara alusão de que as palavras pronunciadas tinham o seu enquadramento no tempo, espaço e realidade.
Na óptica de Armando Guebuza, o acto ocorrido no sábado constituía uma viragem, uma nova página na história de Moçambique, sublinhando que tempos houve em que os moçambicanos sofriam para atravessar de uma margem a outra do rio Zambeze, permanecendo longas horas, dias e semanas, numa altura em que a passagem era assegurada por batelões.
“A era dos batelões acabou e também acabou o sofrimento dos moçambicanos, pois esta ponte permite que as pessoas e bens circulem livremente, incrementando as trocas comerciais e, consequentemente, a melhoria de condições dos nossos concidadãos” enalteceu. Referiu ainda que aquela infra-estrutura não só é importante para Moçambique, como também para a região da África Austral. As obras absorveram um montante estimado em cerca de 80 milhões de euros.
Para o efeito, a União Europeia disponibilizou 25 milhões de euros, o Governo da Suécia (21 milhões) e o Governo da Itália (20 milhões). Para além destes financiamentos, o Governo do Japão comparticipou com nove milhões de dólares norte-americanos, valor utilizado nas actividades complementares, tais como o reassentamento da população que exercia a actividade comercial nas margens do rio Zambeze, melhoria das condições das infra-estruturas da Saúde e de abastecimento de água potável, na vila-sede de Caia e na localidade de Chimuara.
Para o Chefe do Estado, a injecção financeira dos parceiros de cooperação vai resultar positivamente na vida dos moçambicanos, daí tenha endereçado um especial agradecimento, que abrange também aqueles que indirectamente contribuíram para que a empreitada fosse levada a bom termo. A ponte tem o comprimento de 2.3 quilómetros, 16 metros de largura, duas faixas de rodagem com 3,6 metros cada, duas bermas com 2.5 metros cada e dois passeios com 1,9 metros cada.
A empreitada esteve a cargo do consórcio português, Mota ENGIL/Soares da Costa, que ganhou o concurso público internacional que contou com a participação de 18 firmas. O nome da chamada ponte de Caia foi anunciado no próprio dia da inauguração pelo ministro das Obras Públicas e Habitação, Felício Zacarias, o qual explicou que se tratou de uma decisão do Conselho de Ministros, que surge em reconhecimento da sua exemplar trajectória em mais de quatro décadas dedicadas ao país e ao povo moçambicano, bem como o seu empenho na materialização e aprofundamento do grande legado do Presidente Eduardo Mondlane, que é a unidade nacional.