As forças de segurança nigerianas se encontram em estado de alerta máximo depois de dois dias de combates com islamitas radicais que, segundo testemunhas e autoridades locais, deixaram mais de 150 mortos no norte muçulmano desse país africano rico em petróleo.
Apesar de as autoridades confirmarem até o momento a morte de 55 pessoas nos estados de Bauchi e Yobe, jornalistas na capital de um terceiro estado afirmaram ter visto mais de cem corpos no quartel-general da polícia local. Outras testemunhas afirmaram que cerca de 200 militantes islamitas mantiveram uma vigília noturna do lado de fora de uma mesquita e junto à casa de seu líder espiritual, Mohamed Yusuf.
A violência no norte da Nigéria começou na manhã de domingo, quando a polícia impediu um ataque de integrantes da seita radical contra um de seus postos, no Estado de Bauchi. Em seguida, o confronto se propagou na região. Igrejas e prédios governamentais foram incendiados por grupos de militantes conhecidos como os talibãs da Nigéria.
O presidente nigeriano, Umaru Musa Yar’Adua, um muçulmano no norte, ordenou a suas forças de segurança a instauração de um estado de alerta máximo num decreto presidencial publicado na segunda. A seita responsável por essas violências tem como berço a cidade de Maiduguri, fazendo-se conhecer em 2004 quando estabeleceu sua base na cidade de Kanamma (Estato de Yobe), na fronteira com o Níger. Composta essencialmente de estudantes que abandonaram seus cursos, ela possuía no começo cerca de 200 jovens muçulmanos extremistas. Seu tamanho atual é desconhecido.
A exemplo do antigo regime talibã no Afeganistão, ela quer instaurar um Estado “islâmico puro” no norte da Nigéria. O norte da Nigéria, com pelo menos 140 milhões de habitantes, é de maioria muçulmano, e o sul é de maioria cristã. Doze Estados setentrionais instauraram a charia (lei islâmica) desde 2000. O país é regularmente abalado por violências de dimensão religiosa. Em novembro de 2008, mais de 700 pessoas morreram em confrontos político-religiosos em Jos (centro), segundo a organização Human Rights Watch. O número oficial é de 200 mortos.