A polícia indonésia confirmou este domingo que o duplo atentado de Jacarta foi muito provavelmente obra da Jemaah Islamiyah (JI), uma rede radical islamita que as autoridades acreditavam ter enfraquecido após uma série de ataques sangrentos.
Os dois camicases são da mesma escola que os que cometeram os ataques anteriores, declarou um porta-voz da polícia, Nanan Soekarna, dois dias após a morte de nove pessoas, entre elas cinco estrangeiras, nos atentados suicidas que devastaram dois restaurantes dos hotéis Marriott e Ritz Carlton. Os ataques não foram assumidos por nenhum grupo, no entanto, a polícia destacou a similaridade entre estes e os atentados da JI que deixaram quase 250 mortos em Bali e Jacarta entre 2002 e 2005.
“Descobrimos métodos, materiais e ferramentas similares”, disse Soekarna, indicando que os investigadores estavam perto de identificar os dois homens. As bombas utilizadas sexta-feira tinham as mesmas características do material explosivo encontrado recentemente em uma casa de Cilacap (oeste da ilha de Java), considerada esconderijo de Noordin Top, um dos supostos cérebros dos atentados da JI.
Estreitando seus laços com a Al-Qaeda, a Jemaah Islamiyah (ou “Comunidade islâmica”) luta desde o início dos anos 1990 pelo estabelecimento de um Estado islâmico incluindo a Malásia, a Indonésia, Cingapura, Brunei, o sul das Filipinas, e o sul da Tailândia. O duplo atentado é o primeiro ataque de envergadura atribuído a este movimento desde 2005. Ele ofusca a imagem de estabilidade recuperada transmitida pela Indonésia, que acaba de reeleger o presidente Susilo Bambang Yudhoyono.
“O fato de os terroristas terem atuado dentro de hotéis de luxo, entre os edifícios mais bem protegidos, representa uma série ameaça para nosso país”, comentou Ansyaad Mbai, chefe do serviço anti-terrorismo do ministério da Segurança. “Ninguém pode prever os atentados. O que temos que fazer é rever nosso sistema de segurança para sermos mais eficazes”, acrescentou.
Especialistas consideram que a calma destes últimos anos acabou relaxando a vigilância das autoridades, principalmente com relação a Noordin Top, que conseguiu escapar à vasta ofensiva realizada contra a JI desde 2002. “A prioridade agora deve ser erradicar as células extremistas”, destacou Taufik Andrie, especialista residente em Jacarta. “Depois, as autoridades poderão colaborar com os moderados da JI para convencer os mais radicais e os novos recrutas a não seguir o estilo da jihad promovida por Noordin Top”, continuou.