A cada dia que passa parece que o já sofrido povo moçambicano vai se acostumando com as infindáveis trapaças protagonizadas pelas instituições públicas e/ou de Estado e os seus respectivos agentes e funcionários. O caso mais recente de uma verdadeira burla a que se tem servido, em overdose, aos moçambicanos que é o informe da Procuradora-Geral da República, apresentado, nesta quarta-feira (22), na Assembleia da República.
O que se assistiu nesta quarta-feira foi uma acção meramente cosmética, na qual a senhora Procuradora-geral Beatriz Buchilli limitou-se a ler um documento de matriz poética sobre os pilha-galinhas. Na verdade, Buchilli foi ao Parlamento, apenas, cumprir o preconizado no número 3 do artigo 239 da Constituição da República de Moçambique segundo o qual “o Procurador–Geral da República presta informe anual à Assembleia da República”. Quando se esperava que a Procuradora-geral apresentasse os casos que realmente preocupam os moçambicanos, ela ateve-se nos dados estatísticos. Deu-nos a conhecer o que nós já sabíamos, e não fez menção das actividades que estão a ser levadas a cabo pela Procuradoria com vista a esclarecer os crimes que assolam a nossa Pátria A(r)mada.
Dito sem metáfora, a Procuradora-Geral apresentou, na magna casa do povo, um pobre e vazio relatório de actividades do órgão de que ela é digníssima representante. Se escarafunchar todas as páginas daquilo que se designou de informe, não se encontra sequer uma actividade concreta visando o esclarecimento de assassinatos do constitucionalista Gilles Cistac, do jornalista Paulo Machado, do juiz Dinis Silica, do procurador Vilanculo, para além da escandalosa dívida contraída, ilegalmente, pelo Governo de Armando Guebuza.
A digníssima Procuradora-Geral fugiu dos outros assuntos cadentes como o é o caso dos moçambicanos refugiados no vizinho Malawi por motivos da instabilidade político–militar que se vive no país. Buchilli limitou–se a dizer que as investigações não podem ser feitas, devido à insegurança político–militar nas zonas de origem dos nossos compatriotas refugiados naquele país.
Aquele relatório, ou seja, informe, como se ousou chamar, portanto, foi elaborado para satisfazer caprichos infantis dos que (des)governam Moçambique e do partido no poder. Qualquer cidadão atento e minimamente informado, o informe esteve embutido de nada e nenhuma coisa. Em suma, houve muita parra e uva nenhuma!