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Afonso Dhlakama escolhe membros que vão preparar seu encontro com Filipe Nyusi

Afonso Dhlakama assume belicismo e decreta cessar-fogo provisório em Moçambique

Foto de ArquivoO maior partido da oposição em Moçambique, a Renamo, que vinha rejeitando o convite do Presidente da República, Filipe Nyusi, para a reinício do diálogo político com o Governo, já considera haver “mínimas condições” para o recomeço deste processo, interrompido há vários meses. Para o efeito, Afonso Dhlakama indicou, na quinta-feira (19), os deputados Eduardo Namburete, José Manteigas e André Magibire. Estes juntar-se-ão a Alves Muteque, Benvinda Levi e Jacinto Veloso, na preparação de um frente a frente entre Filipe Nyusi e Afonso Dhlakama. Os dois irão definir os pontos em torno dos quais deverão girar as conversações propriamente ditas.

Eduardo Namburete fazia parte da equipa de diálogo político ora interrompido e é também académico; José Manteigas é igualmente membro da Comissão Permanente da Assembleia da República (AR); enquanto André Magibire, pese embora seja considerado da confiança de Afonso Dhlakama, passa despercebido.

Alves Muteque está afecto à Presidência da República (PR). Benvinda Levi é ex-ministra da Justiça e actualmente Conselheira do Chefe de Estado, e Jacinto Veloso é membro do Conselho de Defesa e Segurança.

A posição da “Perdiz”, cujo líder não é visto publicamente desde Outubro do ano passado, após o cerco da sua residência e desarme na cidade da Beira, surge em resposta a uma carta recém-enviada pelo Chefe de Estado, pedindo a indicação de uma equipa que deverá se juntar a do Governo no sentido de se retomar o diálogo sobre a tensão político-militar no país.

A Renamo não aceita os resultados das últimas eleições gerais (2014) e tem ameaçado governar em seis províncias onde reivindica vitória.

Na sua carta ao presidente do maior partido da oposição, Filipe Nyusi defendeu que “não haja mediação para a criação da comissão acima referida, pois a retomada do diálogo ocorrerá como resultado dos termos de referência a serem definidos pela equipa conjunta”.

Em conferência de imprensa na quinta-feira (19), António Muchanga, porta-voz da Renamo, disse que este partido concordou designar os deputados acima, porque ao contrário dos anteriores, “o ofício de 17 de Maio”, expedido pelo Gabinete da Presidência da República, “apresenta uma pequena evolução, ao deixar claro que o grupo vai preparar os pontos para o diálogo, harmonizando os procedimentos e termos de referência”.

No que à mediação internacional diz respeito, conforme a exigência da “Perdiz”, António Muchanga disse que a missiva de Nyusi “não ignora” este ponto nas fases posteriores ao trabalho da comissão mista, até porque esta é uma das condições impostas por Dhlakama para voltar às negociações.

No ano passado, a Renamo alegou que os mediadores do ora suspenso diálogo político não mais reuniam condições para continuar o seu papel, supostamente por terem ajudado o Executivo a encurralar Dhlakama na sua casa, na Beira, a 09 de Outubro.

Face a esta situação, a Renamo acusou o Governo de falta de seriedade e impôs como condição, para voltar à mesa do diálogo, a intervenção da Igreja Católica, da União Europeia (UE) e do Presidente sul-africano Jacob Zuma.

Aliás, a Alta-Representante da UE para a Política Externa e Segurança, Federica Mogherini, declarou em Bruxelas que a instituição a que está afecta saúda os passos dados por Nyusi e Dhlakama, “no sentido de reiniciar o diálogo de paz e encoraja ambas as partes a iniciar conversações preparatórias com a máxima brevidade”.

Reagindo à exigência da Renamo, Nyusi classificou o assunto como “uma conversa de quarto” e que achava que o mesmo era possível de “ser resolvido dentro de casa. Não vejo motivo para se escolher um país para resolver isso”.

Na altura, o Comandante em Chefe das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, disse aos bispos, em Conferência Episcopal em Maputo, que estava a “fazer o esforço de conversar com Dhlakama”, mas “não estava a ser possível”.

Recentemente, quando da visita do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, a Moçambique, defendeu a necessidade de retomar o diálogo com a Renamo, “falando primeiro para entender a essência do que se passa, o que se pretende e, sobretudo, como fazer” as coisas para que haja paz e estabilidade.

Contudo, em entrevista à STV, um canal televisivo privado moçambicano, Dhlakama disse que o seu desejo é de que haja “negociações sérias” de modo que “isto, de uma vez para sempre”, termine. “Já somos velhos. Temos filhos e netos e já não temos idade para andarmos no mato a matar-nos” uns aos outros.

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