A pressão contra o presidente sul-africano aumenta a cada dia que passa. Esta quinta-feira, antes do discurso anual do estado da nação, Jacob Zuma viu, nas ruas da Cidade do Cabo várias manifestações. Que se repetiram dentro do parlamento. O principal motivo de contestação são os milhões de rands gastos pelo presidente no reforço da segurança da casa de campo. Nas obras incluiu um estábulo para vacas, um galinheiro, uma piscina e um anfiteatro. No parlamento, o líder do partido dos Combatentes da Liberdade Económica, Julius Malena, tentou, várias vezes, atrasar e interromper o discurso de Zuma até que os deputados de um dos principais partidos da oposição foram mesmo obrigados a abandonar a assembleia.
O discurso sobre o estado da nação acabou mesmo por ficar para segundo plano. Recorde-se que esta semana, começou, no Tribunal Constitucional da África do Sul, o processo que vai decidir se Jacob Zuma vai ou não ter de pagar os custos do tal reforço da segurança da casa de campo.
Zuma já tentou chegar a acordo para pagar parte dos gastos mas a proposta foi recusada pela oposição que pede, para além da devolução total do dinheiro, a resignação do presidente sul-africano.
Os deputados do partido de esquerda radical Combatentes da Liberdade Económica (EFF) abandonaram o Parlamento sul-africano após tumultuarem a sessão durante mais de uma hora. Os parlamentares retiraram aos gritos de “Zupta deve cair”, um jogo de palavras que remonta aos estreitos laços entre o chefe de Estado e os Gupta, uma riquíssima família indiana suspeita de ter grande influência em seu governo.
“Zuma não merece o respeito de ninguém. Ele roubou-nos, ele corrompeu a economia da África do Sul, ele transformou este país em piada”, atacou o líder do EFF, Julius Malema, ignorando os apelos de calma feitos pelo presidente do Parlamento, Baleka Mbete.
“Nós não o reconhecemos como nosso presidente. Não é nosso presidente”, concluiu Malema, antes de, finalmente, retirar-se do recinto acompanhado de seus correligionários.
O choque entre policiais e manifestantes do EFF começou pelo menos duas horas antes da intervenção do presidente Zuma. Barreiras de proteção já haviam sido instaladas em várias ruas próximas do Parlamento para evitar protestos contra o chefe de Estado.
Jacob Zuma está na mira dos ataques da oposição na Assembleia, na Justiça e nas ruas. A cada dia aumenta a pressão para que ele deixe a Presidência. Um caso de abuso de bens sociais – o escândalo Nkandla, nome de sua residência privada – e as repercussões económicas catastróficas da destituição de dois ministros das Finanças em Dezembro de 2015 alimentam há semanas a campanha “Zuma tem de cair” (#ZumaMustFall).