A Assembleia Municipal da cidade de Maputo seleccionou 219 topónimos herdados do período colonial, dos quais submeteu, no ano passado, 51 ao Conselho de Ministros. Até então 31 já foram homologados e vão passar a ostentar nomes que dizem respeito ao nosso país. Os remanescentes 168 aguardam ainda a apreciação e aprovação da AMM.
Com vista a substituir todos os topónimos que dizem respeito às autoridades administrativas, militares, religiosas, aeronaves, meios científicos, corpo de Exército ou da Marinha ou de carácter geográfico sem qualquer ligação com Moçambique a Comissão Municipal de Toponímia da Cidade de Maputo deliberou no ano findo a substituição de todos os topónimos acima descritos na cidade de Maputo.
Aliás, no entender da Directora Municipal Adjunta do Planeamento Urbano, Teresa Chissequere, a substituição justifica-se pelo facto de que “as personalidades portuguesas não deram nenhum contributo ao país”.
Ainda de acordo com a nossa interlocutora, esta substituição visa responder a um dispositivo da valorização da cultura moçambicana e do bem comum do seu povo, pelo que “ a toponímia herdada do tempo colonial remete-nos às mazelas da opressão do nosso povo”.
Para Chissequere existem nomes que já não fazem parte da nova realidade nacional. ”Só para elucidar, a Rua de Marquês de Pombal, hoje Rua de Ngungunhana, a Rua Baptista Carvalho, hoje rua do Notícias, entre outros, pertenceram a um grupo de personalidades portuguesas que não deram nenhum contributo relevante para o desenvolvimento de Moçambique” disse.
A nossa fonte sublinhou que embora a substituição seja um processo gradual acredita que num futuro próximo a cidade de Maputo terá topónimos ligados ao seu heroísmo, à sua afirmação como nação e à valorização da cultura e dos seus feitos heróicos.
“Outra dominante na toponímia herdada do tempo colonial revela-se na abundância de nomes com vilas, distritos e províncias portuguesas”. E acrescenta: “repara para a Rua de vila Real, Rua de Bragança, Largo do Algarve, Largo do Alentejo, entre outros, são topónimos de carácter geográfico que não têm nenhuma ligação com o nosso país, razão pela qual foram substituídos por Rua de Chimoio, Rua da Mocímboa da Praia, Largo de Nwadjahane e Largo da Ilha de Moçambique, respectivamente.
No âmbito de topónimos que se identificam com a resistência secular do povo Moçambicano à dominação e ocupação estrangeira, pontificam a Rua de Ngungunhane, Rua de Manhikene, Rua da Frente de libertação de Moçambique e Rua Samuel Dabula.