Dezenas de manifestantes invadiram nesta quarta-feira a sede do parlamento da Moldávia, depois de os deputados terem aprovado a composição e o programa do novo governo liderado pelo primeiro-ministro Pavel Filip.
Opositores romperam o cordão policial, conseguiram derrubar uma das portas com intenção de invadir o prédio, mas foram parados por uma segunda barreira formada pelos agentes de segurança. Os manifestantes se negam a abandonar o acesso ao edifício e, aos gritos de “o parlamento é nosso”, pedem que os policiais se retirem da sede do Legislativo, informou a imprensa local.
Milhares de manifestantes rodeiam a sede da câmara exigindo que o parlamento seja dissolvido e sejam convocadas novas eleições gerais. Alguns das dezenas de jornalistas bloqueados no edifício após cobrir a posse de Filip informaram que a polícia chegou a usar gás lacrimogéneo contra os opositores, enquanto outros assinalaram que os manifestantes mais radicais lançaram bombas de fumaça contra as forças de segurança.
Os líderes do protesto contra o parlamento aparentam agora estar divididos sobre os passos a seguir a partir de agora. Enquanto alguns dirigentes da heterogénea plataforma cívica Dignidade e Justiça (DA) comandam os mais exaltados, outros pediram aos manifestantes que deixem o edifício, da mesma forma que fizeram o Partido Socialista e o extraparlamentar Nosso Partido, representantes da esquerda pró-russa.
“Não somos vândalos, somos maioria. Não podemos enfrentar a polícia nem tomar edifícios públicos. Não queremos distúrbios. Queremos eleições antecipadas”, disse Igor Dodon, líder dos socialistas, principal partido da oposição no país.
O líder da DA, Andrei Nastase, lamentou que “não se pôde evitar provocações” e pediu a seus correligionários que não permitam “confrontações e distúrbios”.
O parlamento da Moldávia aprovou nesta quarta-feira a composição e o programa do novo governo liderado por Pavel Filip, um candidato de compromisso apoiado pela maioria parlamentar a fim de acabar com três meses de incerteza. O pequeno país, o mais pobre da Europa, está sem governo desde que uma moção de censura destituiu o Executivo de Valeri Strelets no final de outubro. A crise prolonga-se ainda mais no passado, e tanto os opositores pró-Rússia como a DA exigem há meses a renúncia do presidente Nicolae Timofti e a realização de novos pleitos.
Os protestos opositores começaram depois que as autoridades reconheceram o roubo de 2 biliões dólares norte-americanos de três bancos moldávos aos quais o Estado concedeu numerosos créditos, e depois do desaparecimento fraudulento de 1 bilião dólares norte-americanos do sistema bancário entre 2012 e 2013.
A gravidade da crise política na Moldávia, antiga república soviética encravada entre Ucrânia e Rússia, está reflectida no facto de que apenas no ano passado o país teve cinco primeiros-ministros. A oposição pró-russa insistiu que acompanhará os protestos contra o “governo de oligarcas” recém-nomeado.