Com o incentivo de 150 líderes mundiais, negociadores governamentais tentavam nesta terça-feira na capital da França transformar essa retórica de unidade num texto de acordo global para reduzir a mudança climática. Mas à medida que os líderes deixavam a capital da França, ficou evidente que as divergências que têm impedido um acordo ao longo de quatro anos de negociações ainda permanecem sem solução.
Negociadores de 195 países voltaram a trabalhar sobre um projecto de mais de 50 páginas e repleto de questões candentes a serem resolvidas. O maior obstáculo é o dinheiro: como garantir os biliões de dólares que as nações em desenvolvimento precisam para abandonar os combustíveis fósseis e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas.
Nas conversações técnicas desta terça-feira, os países reafirmaram as suas posições de negociação bem conhecidas sobre a questão, com poucas sugestões de compromisso.
O delegado da China, Su Wei, “observou com preocupação” o que chamou de falta de compromisso por parte de países ricos para fazer cortes profundos nas emissões de gases do efeito estufa e ajudar as nações em desenvolvimento com o novo financiamento para combater o aquecimento global. E o grupo dos 48 países menos desenvolvidos pediu acções muito mais firmes para limitar o aumento das temperaturas.
“Está de volta ao âmago da questão”, disse Alden Meyer, da União de Cientistas Preocupados, acrescentando que o dia de abertura foi “tudo de bom, mas isso não resolve os problemas cruciais.”
Certamente ainda há um pouco do clima de boa vontade visto na segunda-feira, quando líderes mundiais subiram ao palco para fazer valer o imperativo de alcançar um acordo climático.
O presidente da França, François Hollande, disse que foi encorajado pelo início de uma conferência que deve durar até 11 de Dezembro. “Largou bem, mas também tem que chegar”, disse ele a repórteres.
O humor também foi estimulado por grandes anúncios de gastos, incluindo um plano de Índia e França para mobilizar 1 trilião de dólares para energia solar a algumas das pessoas mais pobres do mundo e uma iniciativa do sector privado liderado pelo co-fundador da Microsoft Bill Gates para mobilizar biliões de dólares a novas pesquisas de desenvolvimento e energia.