Os canais de comunicação entre o Governo e a Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, mantêm-se bloqueados com Afonso Dhlakama em silêncio sepulcral. Um sinal inequívoco deste revés para os propósito (paz e estabilidade) dos moçambicanos foi manifestado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, na quinta-feira (19), em Moamba, província de Maputo, ao declarar que “reafirmamos que estamos prontos a falar com quem quer que seja, incluindo a liderança da Renamo, para efectivar o restabelecimento da paz no país, um bem imprescindível para o desenvolvimento”.
O Chefe de Estado, que na terça-feira (18) admitiu, na cerimónia de encerramento de cursos militares, na província de Maputo, que “a nossa sociedade quer a paz, quer a liberdade e estabilidade”, e que pese embora sejam “valores indispensáveis actualmente encontram-se perturbados”, sustentou as declarações do ministro do Interior, há dias, no Parlamento, sobre a necessidade da recolha coerciva das armas em supostas mãos alheias, em particular da “Perdiz”.
Dirigindo-se aos graduados do curso para a formação de guardas do Serviço Nacional Penitenciário (SERNAP), Filipe Nyusi disse que “continuamos a apelar para que alguns dos nossos irmãos que possuem armas entreguem-nas, voluntariamente, para que possam se juntar ao convívio social e para que a questão da posse de armas seja um assunto reservado apenas às Forças de Defesa e Segurança”.
Caso as entrega das armas não seja feita nos moldes a que o Chefe de Estado se referiu “a paz não poderá acontecer”. Ele voltou a reafirmar que está disponível e aberto para, em qualquer altura, dialogar com a Renamo e as suas lideranças e outros segmentos da sociedade.
Em relação à actuação das Forças de Defesa e Segurança, Nyusi disse que elas estão a cumprir o juramento que fizeram aquando da sua formação militar. Comprometeram-se a zelar pela segurança da população e não deixar ninguém possuir armas ilegalmente. Porém, deve haver ponderação no desarmamento do antigo movimento rebelde em Moçambique.
Refira-se que o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, está há mais de 40 dias ausente do cenário político e mediático, desde que os seus seguranças foram desarmados, surpreendentemente, em Outubro último, na Beira, província de Sofala.