A oposição na Birmânia (Mianmar) vai escolher o novo presidente do país após conseguir a maioria parlamentar suficiente, segundo a última actualização da comissão eleitoral dos resultados das eleições de domingo.
A Liga Nacional para a Democracia (NLD, em inglês) somou outras 21 cadeiras na Câmara Baixa, o que lhe permitiu superar os 329 deputados que precisava no parlamento, onde os militares dispõem por lei de uma quarta parte dos assentos.
Uma disposição da Constituição feita sob medida, que veta para o cargo candidatos com familiares estrangeiros, impedirá à oposição apresentar à sua líder, a vencedora do prémio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi, cujos dois filhos têm passaporte britânico.
Com 84,6% dos votos apurados, a NLD dispõe de 348 deputados (238 na Câmara Baixa e 110 na Alta) dos 491 que estavam em jogo na eleição. O Partido para a União, Solidariedade e Desenvolvimento (governo) conseguiu até ao momento 40 cadeiras, enquanto as outras 42 anunciadas distribuem-se entre várias legendas de minorias étnicas.
Além dos parlamentares escolhidos nas urnas, o parlamento conta com 162 deputados na Câmara Baixa e 85 na Alta designados pelo Exército. Com esta maioria parlamentar, a NLD poderá propor dois dos três candidatos a presidente, sendo o terceiro proposto pelos militares, e garantir que um deles será o próximo chefe de Estado.
A Birmânia foi governada por regimes militares de 1962 até 2011, quando a última junta passou o poder a um governo civil que começou a aplicar reformas políticas, económicas e sociais para implementar uma “democracia disciplinada”.
A NLD ganhou eleições em 1990, mas a então junta militar desacatou o resultado e manteve-se no poder. Suu Kyi passou no total mais de 15 anos sob prisão domiciliar durante a ditadura militar, por reivindicar de maneira pacífica a democracia para o seu país.