Desde o princípio do mês de Setembro que os residentes de Machaíla enfrentam, mais uma vez, o drama da seca. Na passada quinta-feira (29) um camião cisterna, enviado pelas autoridades governamentais, chegou pela primeira vez a esta remota localidade do distrito de Chigubo, na província de Gaza. “Abasteceu o tanque e deu para mais ou menos dois bidões de 20 litros por família”, confidenciou-nos um residente não sabe quando o camião voltará a trazer água.
A fonte habitual de água não potável dos pouco mais de seiscentos residentes de Machaíla são pequenas represas abertas há vários anos pela população para acumular a água que cai durante a época chuvosa “depois vai-se gerindo até voltar a chover”, relata a nossa fonte que prefere não ser identificada.
Este ano a última vez que choveu foi em Março, desde o início de Setembro as represas secaram e nem mesmo cavando se consegue o precioso líquido. “Aquela já não era boa água, era muito turva e muito suja”.
Ao longo dos anos, esta situação de seca não é nova e têm-se repetido ciclicamente, a população aprendeu a tratar a água antes de a consumir e por isso não tem havido casos de cólera ou surtos de diarreias.
Nesta segunda-feira (02) os alunos da escola primária do 2º grau trouxeram, cada um deles, uma garrafa com aproximadamente 1,5 litro de água bem turva para se poder preparar o lanche escolar.
Contudo, apesar de ser uma situação conhecida das autoridades a todos os níveis, salvo as acções de emergência em curso, não foram realizadas nenhumas actividades para mitigar o drama dos moçambicanos que residem em Chigubo.
O Governo afirma estar a trabalhar com vista a “encontrar soluções que sejam sustentáveis” e que disponibilizou 10 milhões de meticais para assistência de emergência às populações de Chigubo, contudo, em Machaíla a carrinha com tanque de água veio abastecer apenas uma vez.
O plano quinquenal do Governo de Filipe Nyusi propõe-se “aumentar a provisão e acesso aos serviços de abastecimento de água” passando de 52% de pessoas que nas zonas rurais tem água segura para 75% até ao final do mandato. O drama é que em Chitima as fontes de água seguras não existem.
A localidade de Machaíla dista 188 quilómetros da sede distrital; porém, não há ligações rodoviárias para lá chegarem é preciso dar uma volta bem grande. “Nós usamos a via Mapai, 117 quilómetros, depois daí vamos até Chókwè, cerca de 260 quilómetros, daí até a vila sede de Dindiza são mais 180 quilómetros”, explicou a nossa fonte.
Amanhã é outro dia e logo se verá se a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia se confirma com a queda de alguma chuva, caso contrário o drama será ainda maior. “Até porque está a fazer muito vento e algumas casas, aqui são todas precárias, já ficaram sem as chapas de cobertura mas se a chuva vier não será tão mau”, concluiu a nossa fonte.