Moradores vasculhavam os restos dos edifícios destruídos no centro do Chile nesta quinta-feira depois que um terremoto de magnitude 8,3 matou pelo menos onze pessoas e provocou fortes ondas em áreas costeiras, obrigando mais de um milhão de pessoas a deixarem as suas casas. Tremores secundários sacudiram o país sul-americano depois do sismo de quarta-feira, o mais forte do mundo este ano e o maior a atingir o Chile desde 2010. Mas alguns moradores demonstraram alívio pelo fato de a destruição não ter sido maior.
Na cidade portuária de Coquimbo, no norte chileno, onde ondas de até 4,5 metros de altura golpearam as praias, grandes barcos de pesca foram parar nas ruas e outros partiram-se, enchendo a baía de destroços. “Tudo está uma confusão. Foi um desastre, perda total. Garrafas e copos ficaram estilhaçados e os canos na casa de banho e na cozinha romperam-se”, disse Melisa Pinones, dona de um restaurante na cidade de Illapel, próxima do epicentro.
Os moradores da cidade litoral de Los Vilos tentaram salvar os pertences em dezenas de casas à beira mar que ficaram destruídas ou seriamente danificadas pelas fortes ondas. O governo já havia ordenado a retirada das pessoas das áreas costeiras depois do poderoso terremoto para evitar uma repetição do desastre de 2010, quando as autoridades demoraram a emitir um alerta de tsunami e centenas morreram.
O tremor mais recente e as ondas enormes que se seguiram causaram inundações em cidades litorais e derrubaram a energia nas áreas mais atingidas do centro do país, embora a maioria dos edifícios, estradas e portos tenham resistido bem.
O sismo foi sentido até em Buenos Aires, na Argentina, e em algumas cidades brasileiras como São Paulo. “Foi como em 1965 e 1971”, contou o mestre de obras Jorge Gallardo, de Illapel, referindo-se aos dois terremotos imensos que testemunhou. “Mas desta vez os danos não foram tão grandes quanto a magnitude do terremoto faria pensar que seriam”.
A presidente chilena, Michelle Bachelet, que disse que o seu governo “aprendeu uma série de lições” com os desastres anteriores, iniciou uma visita às áreas afectadas pela cidade de La Serena, perto de Coquimbo.