As autoridades da Hungria interceptaram 2.706 refugiados que entraram no país de forma ilegal na segunda-feira(07), 500 a mais que no dia anterior, informou nesta terça-feira a polícia no seu site. No ponto de reunião de Röszke, junto à fronteira com a Sérvia, onde os refugiados têm que esperar horas e noites inteiras antes de serem transferidos para os centros de registo, cerca de 300 imigrantes decidiram partir a pé pela estrada que leva à capital Budapeste, mas a polícia os obrigou a retornar.
Nesse local, voluntários tentam aliviar a situação com a distribuição de cobertores, comida e bebida. Durante a segunda-feira, ocorreram tentativas de fuga e protestos por parte dos refugiados, que se queixam da demora no processo de identificação e a polícia chegou a usar gás lacrimogéneo contra eles, segundo alguns meios da imprensa local. Já durante a noite, um refugiado que viajava com a sua família no automóvel de um traficante de pessoas morreu após sofrer um acidente na estrada M1, que liga Budapeste à fronteira com a Áustria, segundo o site “index”.
A imensa maioria dos que entram na Hungria afirmam que o seu desejo é passar rapidamente pelo país para seguir viagem rumo à Áustria e outros países ricos da Europa, como Alemanha e Suécia. O temor desses imigrantes é que sejam identificados e registados na Hungria, já que, segundo a legislação europeia, podem ser devolvidos a este país se tentarem atravessar para outro, já que a Hungria é o primeiro Estado da União Europeia em que consta a sua passagem. Além disso, os refugiados queixam-se do tratamento recebido na Hungria, da falta de informação e das dificuldades para seguir viagem.
O primeiro-ministro húngaro, o conservador Viktor Orbán, que na segunda-feira visitou a região fronteiriça com a Sérvia, disse que é preciso acelerar as obras de construção da segunda cerca, mais sólida, de 4 metros altura, que está sendo erguida atrás do alambrado de um metro e meio que já foi instalado na fronteira com a Sérvia. “Nas próximas semanas será necessário realizar um trabalho intenso”, disse Orbán, em declarações publicadas pelo jornal “Magyar idök”.
O chefe de governo húngaro chegou a assegurar que a Europa deve defender suas fronteiras já que, caso contrário, dezenas de milhões de refugiados podem chegar ao continente. No meio desta onda de refugiados, o ministro da Defesa, Csaba Hende, apresentou a sua renúncia após uma reunião do gabinete de crise formado pelo governo húngaro. Os meios de comunicação social húngaros relacionam essa renúncia com os atrasos na construção da segunda cerca.
A Hungria lançou uma campanha de informação nos países de passagem para advertir aos refugiados que se aproximam de suas fronteiras que a entrada ilegal em solo húngaro é um crime punido com prisão.