Os nossos leitores elegeram na semana finda os seguintes xiconhocas:
Carlos Machili
De 2013 a 2015, o Professor Doutor Carlos Machili, director-geral da Agência de Energia Atómica e membro da Comissão Central de Ética Pública, perpetrou um rosário de anomalias que consubstanciam abuso de cargo e efectuou uma série de remunerações indevidas. O Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) tomou conhecimento das falcatruas, não se fez de rogado, estendeu os seus tentáculos e atirou-os sobre o visado, que outrora foi também director de Assuntos Religiosos no Ministério da Justiça, para não mencionarmos outros cargos de relevo ocupados por este ilustre compatriota, de quem se esperava decoro, honestidade e rectidão nas suas acções administrativas. Antes de o público tomar conhecimento dos factos de que Carlos Machili é acusado, ele era uma pessoa inquestionavelmente respeitada. Mas, hoje, está a ser difícil entender o que motivou uma pessoa considerada intelectual como ele a cometer infracções financeiras, cujo prejuízo ronda os cinco milhões de meticais, cuja cópia documental foi remetida ao Ministério Público junto do Tribunal Administrativo. Machili agiu como um parasita e se este adjectivo não lhe “couber”, o termo abutre ajusta-se, com certeza, ao tamanho dos seus erros. Ele deve pagar por tudo o que fez com o dinheiro do Estado, palavra de honra!
Polícia da República de Moçambique
A Polícia da República de Moçambique (PRM) continua igual a si própria e parece que trabalha em função da dimensão dos problemas que enfrenta no seu dia-a-dia. A pequenez desta força da Lei e Ordem chega a irritar, sobretudo quando procura justificar a sua incapacidade com a falta de pistas para deter aqueles indivíduos que em plena luz do dia assassinam gente aparentemente inocente. O que indigna e chega a constituir uma aberração é o facto de, constantemente, a nossa Polícia dizer que tem pistas dos criminosos e está no seu encalço, mas nunca divulga o relatório final das suas investigações, como também não apresenta os verdadeiros bandidos. O que tem sido praxe na Polícia é a detenção dos pilha-galinhas. Aqueles que assassinam e cometem tantos outros delitos monstruosos continuam livres e aptos para novamente fazerem vítimas. Siba-Siba Macuácua, Gil Cistac, Paula Machava, Vicente Ramaya, Paulo Estevão Daniel (“Dangerman”) e Inlamo Ahamada Ali Mussa são apenas alguns irmãos mortos e não se sabe por quem. Que investigações, afinal, a Polícia de Investigação Criminal (PIC) anda a fazer? Vale a pena continuarmos a confiar na Polícia para esclarecer este tipo de casos ou devemos preparar-nos para também morrer precocemente?
Carlos Mesquita
Já não há prazo para as companhias de telefonia móvel registarem os cartões SIM (Módulo de Identificação do Subscritor). Depois de tanta tempestade em torno deste assunto, o Governo recuou e veio a público, sem vergonha, dar o dito por não dito e afirmar que o prazo para o registo deste tipo de cartões está adiado sine die. As empresas apresentaram sempre dificuldades em registar os seus clientes pelas mesmas razões que são do conhecimento do Executivo, mas Carlos Mesquita, ministro dos Transportes e Comunicações, ignorou tais motivos, encheu o peito de ar, levantou a voz e deu um ultimato de um mês às operadoras por entender que era inadmissível que as companhias em causa não tivessem conseguido registar 50% dos seus clientes em quatro anos. Ele, que tinha sido nomeado havia duas semanas, achava que o que as firmas não fizeram durante esse tempo seria possível em um mês? Com certeza, este ministro só podia estar sob o efeito da emoção de acabar de abraçar o cargo. Seis meses depois de se ter instalado e porque já conhecia bem os corredores da casa, Mesquita mandou a sua vice-ministra, Manuela Rebelo, declarar que “não estipulamos, neste momento, prazos. O que dissemos é que queremos que terminem o processo, mas não demos nenhum tipo de prazo às companhias, mas elas estão a trabalhar”. Os dois governantes deviam, no mínimo, ter vergonha!