O partido Renamo admitiu nesta sexta-feira(28) a hipótese de o líder do movimento, Afonso Dhlakama, se encontrar com o chefe de Estado moçambicano, Filipe Nyusi, fazendo depender a concretização da reunião de várias condições.
“Isso [a satisfação das exigências da Renamo] é que nos vai garantir que a Frelimo já mudou, o presidente Afonso Dhlakama não é criança para ir fazer palhaçadas”, disse em conferência de imprensa o porta-voz da Renamo, António Muchanga.
Reiterando as reivindicações que Afonso Dhlakama já havia declarado na quinta-feira, o porta-voz enfatizou que o partido exige o respeito pelo Governo do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, assinado a 05 de Setembro do ano passado, principalmente, a reinstalação da Equipa da Missão de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMOCHM), desactivada pelo executivo.
Por outro lado, a Renamo considera “extemporâneo” o ponto de agenda proposto pelo Presidente da República para o encontro com Afonso Dhlakama sobre o estágio das negociações de longo prazo entre o Governo e o principal partido de oposição, acusando o Governo de recusar a submissão ao parlamento do acordo sobre a despartidarização do Estado.
“A Renamo continua aberta à solução dos problemas que apoquentam a democracia e a paz em Moçambique, contudo, espera que o Governo pare com as manobras dilatórias e leve em consideração os fundamentais problemas que afectam o país e deve cumprir os princípios do Acordo Geral de Paz e do Acordo de Cessação das Hostilidades Militares”, frisou António Muchanga.
“Não estamos aqui para brincar, estamos aqui para fazer coisas sérias, porque os que está em causa é a dignidade do povo moçambicano”, acrescentou Muchanga.
O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse na quinta-feira que a proposta de agenda para um encontro sobre paz em Moçambique com o Presidente Filipe Nyusi é uma brincadeira e exigiu a aplicação dos acordos já existentes.
“A agenda dele [Presidente da República] brincou comigo”, declarou Dhlakama num comício do líder da Renamo em Namacurra, província da Zambézia, acrescentando que sentia “pena da Frelimo e do senhor Nyusi como presidente da Frelimo”.
Moçambique vive momentos de incerteza devido às ameaças do principal partido de oposição de governar à força nas seis províncias do centro e norte onde reivindica vitória nas últimas eleições gerais, num modelo de autarquias provinciais já rejeitadas no parlamento pelo partido Frelimo.