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Biocombustível à base de jatropha está ainda a ser estudado em Moçambique, com resultados pouco encorajadores

Biocombustível à base de jatropha está ainda a ser estudado em Moçambique

O uso da jatropha, que já fez parte do discurso oficial de combate à pobreza, como biocombustível continua longe de ser uma realidade em Moçambique. Os académicos da Universidade Eduardo Mondlane e japoneses continuam a pesquisar e projectos existem, desde 2011, que embora tenham conseguido pôr a funcionar alguns motores mostram que existe pouca viabilidade para o seu uso corrente devido aos custos de transformação das sementes em biocombustível, as particularidades do seu armazenamento, ao desempenho como combustível, entre outros factores.

A conversão do óleo de jatropha em biocombustível “requer um largo consumo de energia” e, para garantir uma boa performance de um motor a diesel, o óleo da jatropha necessita de ser misturado com gasóleo ou querosene. Estas são algumas das conclusões do Dr. Yoshimitsu Kobashi, do Instituto de Tecnologia Kanazawa do Japão, apresentadas esta semana em Maputo no “Simpósio Internacional do Projecto de Estudo de Produção Sustentável de Biodiesel a partir de jatrofa em Moçambique”, organizado pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e pela Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA).

Analisando as condições de armazenamento do óleo de jatropha, o professor Lucrécio Biquiza, da Faculdade de Engenharia da UEM, notou que o mesmo requer um local frio e escuro, um premissa que não facilita a sua massificação, principalmente fora dos centros urbanos onde se pretende estimular o seu uso.

Outro factor que não abona a favor do uso da jatropha como biocombustível é a quantidade de sementes que são necessárias para obtê-lo. Por exemplo, para se extrair 20 litros do biocombustível são necessários 100 quilogramas de jatropha.

A planta da jatropha, que se cultiva melhor durante o Verão, necessita de muita água e espaço para desenvolvimento. Sem irrigação a produtividade não chega a 300 quilogramas de sementes por hectare. No auge da “corrida” para a produção da jatropha em Moçambique, alardeada pelo então Presidente Armando Guebuza como uma solução para o combate à pobreza e também aos altos preços do petróleo, foram reservados 438 mil hectares, em 2009, para o seu cultivo. Porém, até 2014 haviam sido cultivados pouco mais de oito mil hectares, menos de 3%.

Por outras palavras, um hectare de jatropha só chegaria para produzir apenas 60 litros de biocombustível e a um custo de energia elevado.

Entretanto está a ser instalado um pequeno projecto de electrificação da comunidade de Licaca, na província de Inhambane, com base em geradores de energia com motores de diesel que se pretende que sejam abastecidos pelo biocombustível produzido a partir da jatropha.

Jatropha como fertilizante

Foi também pesquisado o uso da jatropha com fertilizante agrícola, e as conclusões do investigador Ercídio Américo, apresentadas no Simpósio, indicam que as sementes podem ser usadas como alternativa a alguns fertilizantes; contudo, com resultados pouco animadores, pois “a jatropha influencia o crescimento de plantas de longos períodos vegetativos (como são os casos de tomateiros e pimenteiros)”, mas não melhora a produção de alfaces e couves.

Estes estudos sobre a jatropha decorrem desde 2011, no âmbito de um acordo entre os Governo de Moçambique e do Japão. Além do financiamento do projecto, na altura orçado em cinco milhões de dólares norte-americanos e que compreenderia um período de cinco anos, a cooperação japonesa inclui a participação de instituições académicas e empresas nipónicas.

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