Oito empregados da embaixada da Grã-Bretanha em Teerão foram detidos por seu “papel nos distúrbios” que explodiram depois da polêmica reeleição do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, anunciou neste domingo a agência de notícias Fars.
A reação veio em seguida. Na ilha grega de Cofu, o chanceler britânico, David Miliband, afirmou que o fato representa um “assédio” e uma “intimidação”. Miliband participa de reunião da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), declarando estar “profundamente preocupado” com o episódio.
As detenções acontecem num momento em que as relações entre Irão e Grã-Bretanha estão marcadas por um clima tenso, depois da acusação de intromissão britânica nos assuntos internos de Teerão, como lançou publicamente o guia supremo da República Islâmica, o aiatolá Ali Khamenei, na sexta-feira, 19 de junho. Teerã expulsou no começo da semana dois diplomatas britânicos e o correspondente da BBC no país, Jon Leyne, acusado de apoiar as manifestações contra o poder.
Em resposta, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, anunciou na terça a expulsão de dois diplomáticos iranianos. “Devo informar à Câmara dos Comuns de que o Irão tomou ontem a decisão injustificada de expulsar dois diplomatas baseando-se em acusações totalmente infundadas”, declarou Brown ante os diputados britânicos. “Em resposta a esta ação, informamos ao embaixador iraniano que vamos expulsar os dois diplomatas iranianos de Londres”, acrescentou Brown.
O guia supremo, Ali Khamenei também condenou, neste domingo, os “comentários idiotas” dos dirigentes ocidentais, em reação ao pedido feito na sexta-feira pelos chanceleres do G8 (Itália, Grã-Bretanha, Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Japão e Rússia) reunidos em Trieste (Itália) conclamando o poder iraniano a pôr um fim à violência e a respeitar “o direito de expressão”. “Alguns dirigentes europeus e americanos, com seus comentários idiotas sobre o Irão, falam como se tivessem resolvido todos os seus problemas e como se o Irão fosse seu único assunto”, declarou Khamenei.
Enquanto isto, o poder iraniano enfrenta a rejeição dos candidatos derrotados que se opõem a trabalhar com comissão designada pelo Conselho dos Guardiães da Constituição, encarregada da recontagem de 10% das cédulas. No sábado, Mir Hossein Moussavi, o candidato derrotado à presidência iraniana, decidiu não apoiar a comissão, ao considerar que não poderia fazer uma “avaliação justa”.
Este domingo, o outro candidato, o reformista Mehdi Karubi, declarou que só “aceitaria a nomeação, por parte do Conselho dos Guardiães, de uma comissão independente com a autoridade para investigar todos os aspectos da eleição”. “Espero que o Conselho de Guardiães anule uma eleição evidentemente cheia de irregularidades e fraudes”, afirmou.
Oficialmente, Ahmadinejad foi reeleito com 63% dos votos, contra 34% dados a Moussavi; 1,7% para Rezai e 0,8% para Karubi. “Alguns dos membros desta comissão tiveram anteriormente posições partidárias”, explicou Karubi. A comissão apresentada pelo Conselho é composta exclusivamente por personalidades fiéis ao guia supremo. Algumas são ligadas ao presidente, a segunda pessoa mais importante do regime.