Os eleitores do Burundi foram às urnas nesta segunda-feira para escolher um novo Parlamento, depois de uma noite de explosões e tiros esporádicos e semanas de violentos protestos contra a decisão do presidente Pierre Nkurunziza de buscar um terceiro mandato. A votação parecia decorrer lentamente numa eleição boicotada pela oposição e condenada por nações africanas e europeias, que consideraram não haver condições para garantir que seja justa.
“Nós não vemos muitas pessoas”, disse um diplomata. A União Europeia, um dos principais doadores de ajuda ao país, ameaçou nesta segunda-feira reter mais fundos destinados à nação, que depende de ajuda externa, após o Burundi ter ignorado os chamados da ONU e de países africanos para o adiamento da votação parlamentar e a eleição presidencial de 15 de Julho.
Os oponentes dizem que a proposta do presidente de se candidatar a nova eleição viola a Constituição. Mas o governo levou adiante as eleições, no meio à pior crise política no país desde o término da guerra civil, em 2005.
Mais de 125 mil pessoas, ou mais de 1 por cento da população do país de 10 milhões de habitantes, fugiram através da fronteira, causando preocupação em uma região com uma história de conflitos étnicos, particularmente do lado de Ruanda, que sofreu genocídio em 1994.
Um porta-voz presidencial disse à Reuters que a votação está a decorrer sem problemas e acrescentou que os países africanos e europeus não poderiam julgar o processo antes de ser concluído. Ele afirmou que qualquer novo adiamento na votação está “fora de questão”.
O presidente recusou-se a voltar atrás e citou uma decisão da Justiça, segundo a qual ele pode candidatar-se a um terceiro mandato.