O conceituado Mestre da Timbila, Venâncio Mbande, faleceu no passado dia 25 de Junho de 2015, na Clínica do Hospital Central de Maputo, vítima de doença. Morreu desgraçado como confidenciou numa recente entrevista que concedeu ao @Verdade, “É triste, mas é a verdade: Moçambique não me valoriza”.
Nascido a 04 de Outubro de 1933, em Mbandeni, no distrito de Zavala, na província de Inhambane, o Mestre esclareceu ao @Verdade que a sua relação com a timbila começou na vizinha África do Sul, em 1948.
“Incrivelmente, não tive alguém que me ensinasse a tocar timbila”, confideciou-nos explicando que “a minha relação com a arte começa com a Ngalanga – uma dança típica da província de Inhambane, particularmente do povo chope. Então, devido às constantes actuações dos mais velhos nas vilas e domado pelo espírito de curiosidade, com o tempo aprendi a técnica. Tudo começou pelo simples prazer competitivo.”
Mbande confessou-nos que o estatuto de um dos melhores timbileiros de Moçambique nada significa para ele.
“É triste, mas é a verdade: Moçambique não me valoriza. Olha, quando deixei de trabalhar nas minas da África do Sul disseram-me que não devia voltar para lá porque eles iam tratar de todos os trâmites para que eu tivesse o dinheiro da indeminização aqui no país. De facto isso aconteceu, mas não me deram todo o dinheiro. Agora, como artista, já nem falo. Continuo a tocar porque gosto do ofício. Em todo o mês de Agosto actuo no festival de M´saho, na vila de Zavala. Portanto, gostaria, não talvez por mim, mas por todos os que elevam o nome deste país, que se valorizasse mais a área artística. Não faz sentido que só tenhamos reconhecimento sempre que nos deslocamos ao estrangeiro, e o nosso país não nos respeita.”