Quase 60 milhões de pessoas em todo o mundo foram forçadas a sair de suas casas por conflitos e perseguição até o final do ano passado, o maior número já registado, disse a agência de refugiados da ONU nesta quinta-feira, alertando que a situação ainda pode se deteriorar. Mais da metade dos deslocados por crises, incluindo conflitos na Síria, Afeganistão e Somália, eram crianças, afirmou o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) no seu Relatório de Tendências Mundiais, divulgado anualmente.
Em 2014, uma média de 42.500 pessoas a cada dia se tornou refugiada, requerentes de asilo, ou deslocada, o que representa um aumento de quatro vezes em apenas quatro anos, disse a agência.
“Acredito que as coisas vão piorar antes que finalmente comecem a melhorar”, disse o alto comissário da ONU para refugiados, António Guterres, em colectiva de imprensa em Istambul.
De acordo com o Acnur, a Síria, onde a guerra civil tem se intensificado desde 2011, é a maior fonte mundial de deslocados internos e refugiados. Havia 7,6 milhões de pessoas deslocadas na Síria até o final do ano passado e quase 4 milhões de refugiados sírios vivem agora principalmente no Líbano, Jordânia e Turquia, países vizinhos.
O Acnur afirmou que há 38,2 milhões de deslocadas pelo conflito dentro das fronteiras nacionais, quase 5 milhões a mais do que um ano antes, tendo esse acréscimo resultado principalmente das guerras na Ucrânia, Sudão do Sul, Nigéria, República Centro-Africana e República Democrática do Congo.
Dos 19,5 milhões de refugiados que vivem fora de seus países de origem, 5,1 milhões são palestinos. Sírios, somalis e afegãos constituem mais de metade dos demais 14,4 milhões de refugiados, segundo o Acnur.