Promotores suíços que investigam a corrupção na Fifa identificaram 53 transacções bancárias suspeitas, disse o procurador-geral do país nesta quarta-feira, ressalvando que uma investigação complexa pode levar um longo tempo para ser concluída.
Michael Lauber disse a jornalistas que não descarta a possibilidade de interrogar o presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, embora até agora a Suíça não tenha se concentrado em qualquer pessoa específica no escândalo que abalou o futebol mundial.
“Estamos diante de uma investigação complexa, com muitas implicações internacionais”, disse ele, nos seus primeiros comentários públicos desde que o seu gabinete apreendeu dados de computadores da Fifa no mês passado. “Não seria profissional apresentar, neste momento, um calendário detalhado. O mundo do futebol precisa de ser paciente. Pela sua natureza, esta investigação vai levar mais do que os lendários 90 minutos”.
Também nesta quarta-feira, o terceiro maior banco listado na Suíça, o Julius Baer, informou que abriu uma investigação interna em conexão com a Fifa. A instituição informou que está a cooperar com as autoridades e não especificou quando iniciou a investigação.
O procurador-geral foi claro sobre a possível convocação de Blatter e Valcke, entre outros, para interrogatório: “Haverá entrevistas formais com todas as pessoas relevantes. Por definição, isso não exclui entrevistar o presidente da Fifa e isso não exclui entrevistar o secretário-geral da Fifa”.
Lauber disse que a sua equipe havia obtido provas de 104 relações entre bancos e clientes, cada uma das quais representa várias contas.
A Agência Contra a Lavagem de Dinheiro, da Unidade de Inteligência Financeira da Suíça, identificou as 53 transacções suspeitas destacadas com base em informações fornecidas pelos bancos. A Suíça, onde fica a sede da Fifa, anunciou no mês passado a abertura de uma investigação criminal sobre a escolha das sedes dos Mundiais de 2018 (Rússia) e 2022 (Catar) e apreendeu computadores na sede da entidade, no mesmo dia em que os Estados Unidos abalaram o desporto com o anúncio do indiciamento de 14 dirigentes e empresários de marketing do futebol.
Dois dias depois, Blatter foi reeleito para um quinto mandato, mas na semana seguinte anunciou a sua renúncia ao cargo.