A Renamo, maior partido da oposição em Moçambique, anunciou nesta quinta-feira(11) que vai forçar a criação das autarquias provinciais nas seis províncias onde afirma ter ganho as Eleições Gerais de 15 de Outubro de 2014, e vai criar a sua polícia e redistribuir o seu efetivo militar, “para auto-defender-se nas situações em que for atacada”.
José Manteigas, porta-voz da V sessão do Conselho Nacional do partido Renamo, disse que o quórum reunido na cidade da Beira aprovou a criação, “a bem ou a mal”, das autarquias provinciais, incluindo o uso da ala militar do partido, que será redistribuída para responder a eventuais ataques do Governo.
“Todos nós sabemos que a Frelimo (partido no poder em Moçambique) tem usado a polícia para impor a sua vontade, por via disso a Renamo, porque não pode desaparecer e não deve, irá também criar as suas forças, para auto-defender-se nas situações em que for atacada”, declarou José Manteigas, recusando a ideia de que estas decisões sejam lidas como uma declaração de guerra.
O Conselho Nacional do partido Renamo decidiu também estender os trabalhos por mais um dia, até sexta-feira, para aprofundar o debate sobre a estrutura das autarquias provinciais que pretende criar em Manica, Sofala, Tete, Zambézia (centro) e Niassa e Nampula (norte), como forma de ultrapassar o que alega ter sido uma fraude nas Eleições do ano passado.
O partido Renamo submeteu um anteprojecto de lei ao parlamento, preconizando a criação desta nova figura administrativa, mas a proposta foi rejeitada pela maioria do partido Frelimo.
Questionado sobre qual o papel reservado aos actuais Governadores das províncias onde pretendem governar à força, Manteigas respondeu: “das duas ou uma, ou aceitam ser membros da Renamo ou então vão ter que abandonar o poder”.
Neste Conselho Nacional o partido Renamo decidiu também parar o diálogo que mantém com o Governo, há mais de cem rondas, no Centro de Conferências Joaquim Chissano em Maputo.
“As negociações estão praticamente em águas de bacalhau. Porque a Frelimo correu com os observadores internacionais. Estamos no processo de diversão, de manobras dilatórias. Daí que depois de dois anos não estão a aparecer resultados”, afirmou José Manteigas.