O governo do Burundi decidiu nesta quarta-feira adiar para o dia 15 de Julho as eleições presidenciais no país, previstas inicialmente para o dia 26 de Junho, devido aos protestos ocorridos após o anúncio da intenção do actual presidente, Pierre Nkurunziza, de tentar um terceiro mandato.
O Burundi segue dessa forma as recomendações da Comissão Eleitoral do país e dos líderes da Comunidade da África Oriental (EAC) de adiar o pleito para garantir a segurança do processo.
O novo calendário determina que as eleições municipais e legislativas deverão ocorrer no dia 29 de Junho. Na semana passada, Nkurunziza decidiu adiá-las pela segunda vez.
“Todos os cidadãos do Burundi que cumprem as condições requeridas pela lei estão convocados a participar da escolha do presidente da República, que será realizada no dia 15 de Julho”, afirmou Nkurunziza em decreto publicado nesta quarta-feira.
Além disso, o documento explica que a campanha presidencial será suspensa nos dias 27, 28 e 28 de Junho para não atrapalhar as eleições municipais e legislativas, assim como no dia 1º de julho, quando será realizada a apuração do pleito. O decreto também anunciou que as eleições para o Senado do país serão realizadas no próximo dia 24 de Julho.
A Comissão Eleitoral do Burundi propôs na última segunda-feira o novo calendário após se reunir com vários políticos e representantes de movimentos sociais. No entanto, a oposição foi excluída do processo de consultas. No encontro, foram abordadas as recomendações propostas pelos líderes da EAC, que pediram ao governo do país o adiamento do pleito presidencial.
O Burundi vive uma crise política desde Abril, quando o presidente Nkurunziza anunciou que tentaria um terceiro mandato, apesar de Constituição permitir apenas uma única reeleição. Essa violação provocou uma onda de protestos que causaram dezenas de mortos, assim como uma tentativa de golpe de Estado protagonizada por um sector do Exército no último dia 13 de Maio.
Nas últimas semanas, cerca de 100 mil pessoas fugiram do Burundi com medo da repressão política e buscaram refúgio em Ruanda, na Tanzânia e na República Democrática do Congo, segundo dados do Alto Comissariado das Nações para os Refugiados (Acnur).