O presidente da FIFA, Joseph Blatter, anunciou nesta terça-feira, em conferência de imprensa, que renunciará ao cargo e informou que será convocado um congresso extraordinário para se escolher o novo líder da entidade, mas até essa altura continuará no posto.
“Apesar de ter sido apoiado em eleições, esse apoio não é partilhado por todos. Por isso ponho o meu cargo à disposição. Tomo esta decisão de renunciar para limpar a imagem da FIFA. Esta precisa de uma profunda reestruturação”, declarou Blatter.
O suíço foi reeleito presidente na última sexta-feira (29), dois dias depois da detenção de sete dirigentes da FIFA na Suíça a pedido da Justiça dos Estados Unidos da América por suposta corrupção.
O ainda presidente da instituição disse que continuará no cargo até a realização de um novo congresso, que ainda não tem data marcada.
“Embora os membros da FIFA me tenham reeleito presidente, parece que nesta segunda-feira não fui apoiado por todo o mundo do futebol, aqueles que inspiram a vida no futebol, como fazemos na FIFA. É por isso que convocarei um congresso extraordinário e colocarei à disposição o meu cargo, que vai ser preenchido o mais rápido possível, e um novo presidente será eleito para me suceder”, afirmou.
Blatter também indicou que “aprecia e adora” a FIFA “mais do que qualquer outra coisa” e explicou que tomou esta decisão porque quer “fazer o melhor” para a entidade.
Blatter declarou que espera que o congresso extraordinário seja realizado “num curto prazo” e deixou claro que não concorrerá nestas eleições. “Serão preparadas com o tempo suficiente para que os candidatos que desejarem disputá-las possam fazer as suas campanhas”, apontou.
“O próximo congresso ordinário da FIFA vai acontecer no dia 13 de Maio de 2016, na Cidade do México. Isso criaria um desnecessário atraso, e pedirei ao Comité Executivo para que organize um Congresso Extraordinário para a designação do meu sucessor o mais breve possível”, esclareceu.
Além disso, após ler um breve comunicado que não durou mais de dez minutos e sem abrir espaço para perguntas da Imprensa, o suíço lembrou as reformas que a FIFA está a promover no mundo do futebol e fez uma autocrítica sobre último escândalo que afectou a instituição.
“Durante muitos anos, promovemos a introdução de reformas administrativas. Certamente, estas reformas devem continuar até que sejam eficazes”, comentou.
“Não temos controlo sobre os representantes das Confederações, mas as suas acções estão sob a responsabilidade da FIFA. Aqui precisamos de uma mudança estrutural e de natureza profunda”, acrescentou.
Por fim, ele deixou uma mensagem final para as pessoas que o apoiaram durante o seu período na presidência da instituição: “Quero agradecer a todos aqueles que me têm estado a apoiar de forma leal e construtiva como presidente da FIFA e a todos os que fizeram tanto por ela”.
Blatter assumiu o cargo em 8 de Junho de 1998. Está há 17 anos à frente do órgão, e a sua última eleição, na sexta-feira passada, foi muito polémica por ter acontecido apenas dois dias depois da prisão de sete dirigentes da entidade.
Apesar disso, ele decidiu continuar com as eleições e ganhou pela quinta vez. Depois, declarou que a FIFA não precisava de uma “revolução”, e sim duma “evolução”.
“Fazem de mim responsável por esta tempestade. De acordo. Assumo a responsabilidade e estou disposto a seguir adiante. Os crimes cometidos têm foco nas Américas do Norte e do Sul. Vemo-nos afectados porque as pessoas detidas ocupavam cargos na organização, mas a FIFA não tem um papel directo”, disse na ocasião.

