O Desportivo de Maputo acabou com a saga vitoriosa do Ferroviário de Maputo no que toca ao campeonato de basquetebol da capital moçambicana em seniores masculinos, visto que os locomotivas ganharam a prova nas últimas duas edições. Bernardo Matsimbe, professor, treinador e estudante, ou simplesmente Coach “B” como é carinhosamente tratado pelos seus jogadores, a par dos atletas daquele histórico emblema, foi um dos principais obreiros desta conquista. De acordo com o timoneiro dos alvinegros, a humildade foi o segredo para o sucesso.
Na sua primeira época como treinador principal, Bernardo Matsimbe conduziu a equipa sénior masculina do Desportivo de Maputo à conquista da maior prova da modalidade da bola ao cesto da capital do país.
De acordo com o técnico alvinegro, o grande segredo para a sua formação ganhar o Campeonato da Cidade de Maputo foi a humildade.
“A conquista do título de campeão da Cidade de Maputo foi o corolário do trabalho que vínhamos desenvolvendo desde o início da época. Graças ao empenho e, acima de tudo da humildade, conseguimos ganhar a prova, mas temos que realçar que não estamos com o sentimento de missão cumprida porque ainda há muito trabalho por fazer”, disse o técnico para depois falar da formação com que jogou e derrotou na final: “Apesar de ter perdido o Campeonato da Cidade, o Ferroviário de Maputo não deixa de ser uma grande equipa e tem uma das melhores estruturas no que toca ao basquetebol, por isso, merece o respeito de todos nós”.
Os alvinegros sagraram-se campeões; todavia, nem tudo foi um mar de rosas para aquela formação, sobretudo no início da fase regular em que o plantel era composto por sete jogadores. Face a este cenário, Bernardo Matsinhe foi obrigado a procurar soluções nos escalões de formação para colmatar o défice de atletas na equipa sénior, e mais tarde vieram os atletas mais experientes para reforçar o grupo.
“Fomos uma das formações que não participaram no Torneio de Abertura porque começámos tarde a preparar a nova época. Começámos a disputar o Campeonato da Cidade quando estavam volvidas duas jornadas e o plantel tinha apenas sete jogadores. Como forma de suprir o défice de atletas, optámos por chamar alguns jogadores juniores, mas no decorrer da prova conseguimos alguns reforços embora os mesmos não estivessem rodados. Fomos obrigados a fazer um grande trabalho para enquadrá-los naqueles que iniciaram a época de modo a formarmos um grande grupo de trabalho”.
“No segundo jogo dos play-offs parecia que estávamos num ringue de boxe”
Na segunda partida da final da maior prova basquetebolística da capital do país, na segunda parte, os jogadores do Ferroviário pautaram pela violência, visto que estes perceberam mal a agressividade que lhes foi pedida pelo seu treinador Horácio Martins, que depois de falhar a conquista do tricampeonato foi afastado do comando técnico do emblemam locomotiva. Instado a comentar sobre o comportamento dos atletas do seu rival na final, o técnico alvinegro declarou que parecia que se estava num ringue de boxe.
“Em qualquer modalidade desportiva não se joga contra mas sim com, uma vez que os jogadores são adversários de ocasião e, ao mesmo tempo, colegas de profissão. Eu como treinador não me identifico com esse modelo de jogo, mas posso falar da agressividade no bom sentido do termo. No segundo jogo dos play-offs da final parecia que estávamos num ringue de boxe. Alguns dos meus jogadores ficaram com as caras inchadas e as camisolas cheias de sangue. Esta imagem não é benéfica para os mais novos e para a própria modalidade”.
“Alvinegros não terão reforços no Campeonato Nacional”
Terminado o Campeonato da Cidade de Maputo, as atenções centram-se no Campeonato Nacional que será disputado no mês de Junho. Bernardo Matsimbe disse ao @Verdade que o Desportivo cometeu muitos erros na prova, que o título conquistado não apaga.
“Ganhámos o Campeonato da Cidade, mas ainda não fizemos nada. O Campeonato Nacional é muito diferente do Campeonato Nacional embora o grosso das equipas saia da cidade de Maputo. Nesta prova, o “Nacional”, teremos que aumentar os índices de trabalho porque na competição finda cometemos muitos erros e não é o título que os vai pagar”, declarou para depois acrescentar que o Desportivo vai atacar o Campeonato Nacional com o plantel que se sagrou campeão da capital do país. “ Em princípio não teremos reforços para o ‘Nacional’. Vamos trabalhar com os jogadores que temos, mas o grupo será potenciado de modo a deixar uma excelente imagem. Se tivermos reforços, estes serão uma mais-valia”.
“Aprendi muito com Nazir Salé”
Antes de assumir o comando técnico da equipa sénior do Desportivo, Bernardo Matsimbe, que é professor e estudante da Faculdade de Educação Física na Universidade Pedagógica, foi adjunto do consagrado técnico moçambicano, Nazir Salé, na equipa sénior feminina do Desporto, na Liga Desportiva e na selecção nacional. Matsimbe confessou que o antigo seleccionador nacional e actual treinador do Interclube de Luanda é o seu mestre.
“Trabalho com Názir Salé desde 2003. Não tenho vergonha de dizer que devo a ele tudo o que sou hoje. Aprendi muito com ele e ainda quero aprender dele. Se hoje estou aqui a falar de basquetebol é que tive uma boa referência e devemos valorizar as nossas referências”.
“O basquetebol moçambicano está num bom caminho”
Para Bernardo Matsimbe o basquetebol moçambicano está num bom caminho; todavia, deve-se potenciar técnicos para os escalões de formação. “Depois de longo período de interregno, o basquetebol moçambicano está num bom caminho, mas temos que melhorar na formação dos atletas, sobretudo dos técnicos porque a maioria dos treinadores que trabalham nos escalões de formação são antigos praticantes e alguns curiosos; por isso, os atletas chegam aos seniores com algumas lacunas”.
Refira-se que Bernardo Matsinhe, antes de abraçar o cargo de treinador-adjunto de Názir Salé, trabalhou nos escalões de formação do Desportivo e esta é a sua primeira época como técnico principal.