As vendas de música digital em nível mundial igualaram pela primeira vez as físicas, segundo um relatório anual da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, sigla em inglês) apresentado nesta terça-feira em Londres. Apesar do progresso na venda de música digital, a indústria fonográfica facturou 14,970 biliões de dólares norte-americanos no ano passado, 0,4% a menos que no período anterior. Na Europa, as vendas de música seguiram a mesma tendência e caíram 0,2%.
A nível mundial, as vendas de música em formato digital aumentaram 6,9%, com rendimento de 6,850 biliões de dólares norte-americanos. No caso das vendas físicas, como CD e vinil, a receita foi de 6,820 biliões de dólares norte-americano, pouco abaixo da música digital.
De acordo com a IFPI, a América Latina registou um forte crescimento nos últimos quatro anos, o que representou 4% do mercado mundial da indústria em 2014.
O relatório aponta que o mercado musical continua em transição e destaca que, cada vez mais, os consumidores utilizam serviços streaming para escutar música.
Os streamings de música representam actualmente 23% do facturamento de música digital, com 1,6 biliões de dólares norte-americano.
A conselheira do IFPI, Frances Moore, afirmou nesta terça-feira em Londres, ao apresentar o documento, que a revolução da música em formato digital avança rumo a novas fases “guiada pelos desejos do consumidor de ter acesso à música”.
“O fato de as vendas em formato digital igualarem as vendas em formato físico é um reflexo de como a indústria musical soube se adaptar aos novos tempos”, disse Moore.
O relatório também mostra alguns desafios que a indústria musical deve enfrentar no futuro e alerta que determinadas plataformas de conteúdo, como YouTube e Daily Motion, dão poucas retribuições à indústria musical. Como exemplo, o relatório mostra que o YouTube, um dos meios mais populares de acesso à música, e outras plataformas de conteúdo apresentaram rendimento de “apenas” 641 biliões de dólares norte-americano em 2014, número considerado baixo em comparação com os 1,6 biliões de dólares norte-americano das plataformas de streaming como Spotify e Deezer.
Moore ressaltou que as plataformas em vídeo “estão a aproveitar-se das leis de direitos autorais e de propriedade intelectual” e estão a retribuir com quantias inferiores às que deveriam à indústria musical. Além disso, acrescentou que o IFPI trabalha para regular essa legislação “anómala” no futuro.
Outra das medidas anunciadas para reactivar a indústria musical em 2015 é, a partir do mês de Julho, determinar a sexta-feira como data única mundial para o lançamento de novidades musicais, já que na actualidade cada país escolhe o dia por conta própria.
O relatório revela que o disco mais vendido de 2014 foi a trilha sonora do filme “Frozen: Uma Aventura Congelante”, produzida por vários artistas, que vendeu 10 milhões de cópias. O single “Happy”, do cantor Pharrell Williams, foi o mais vendido com 13,9 milhões de cópias na categoria de músicas. A cantora Taylor Swift, de 25 anos, foi nomeada como a artista mais popular de 2014 por liderar o mercado em número de downloads, streaming e vendas em formato físico no mundo inteiro.