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Queda do Metical deve-se vários factores particularmente a grande apreciação do dólar norte-americano

O governador do Banco de Moçambique (BM), Ernesto Gove, afirma que a queda do Metical, a moeda moçambicana, deve-se a um conjunto de factores registados nos últimos tempos, particularmente a grande apreciação do dólar norte-americano sobre muitas outras moedas influentes, tais como o Euro (União Europeia), a Libra (Reino Unido), o Yen (Japão) e o Rand sul-africano. Contudo, Gove disse não haver qualquer razão para qualquer tipo para de pânico, pois os bancos e mercados continuam a funcionar normalmente.

Um dólar é cotado actualmente a 35,8 meticais, mas chegou aos 40 meticais na semanas anteriores, quando no início do corrente ano o mesmo era cotado a cerca de 30 meticais, apesar de não se notar uma grande variação entre o metical em relação ao rand sul-africano.

“Temos reservas para ultrapassar todas as adversidades”, assegurou Gove durante uma palestra que teve lugar na última sexta-feira, em Maputo, no âmbito das comemorações do 40º aniversário da criação do Banco de Moçambique e 35º aniversário do Metical, que se assinalam a 17 de Maio e 16 de Junho próximos, respectivamente.

Gove recordou que o mundo está num período em que a crise económica internacional ainda não foi totalmente debelada, pois, embora se registe alguma recuperação das economias, “ainda há sinais de abrandamento”.

Citando como exemplo os chamados países emergentes, referiu que há alguns anos registavam um crescimento económico anual igual ou superior a oito por cento, mas nos últimos tempos também mostram sinais de algum abrandamento.

“Acompanhamos também a queda significativa de preços certas mercadorias que nós importamos no nosso país, como o petróleo, mas também notamos a queda de preços de produtos que nós exportamos como, por exemplo, o tabaco, o açúcar e o carvão. Isto significa que esta conjuntura que atravessamos, se é que a queda dos preços, hoje, beneficia a nossa economia como importadores, faz com que a nossa balança de transacções continue deficitária”, disse Gove.

Neste contexto, explicou que no ano passado a queda de importações não foi ao mesmo ritmo das exportações, pelo que a balança comercial esteve negativa, pois houve uma queda mais significativa das exportações que as importações. Recordou aos presentes na palestra sobre a situação calamitosa registada, este ano, principalmente, nas regiões centro e norte do país que resultaram na destruição de infra-estruturas sociais e económicas, bem como em milhares de pessoas deslocadas.

“Todos esses factores fazem com que sintamos também, no nosso mercado cambial, alguma perturbação, em relação a qual, obviamente, nós respondemos também com intervenções que são necessárias para que, não obstante se reflectirem no normal comportamento, não criem problemas significativos à nossa economia.”

De igual modo, o governador do BM explicou que o facto de o país ser importador de equipamentos e bens de consumo, há muita sensibilidade no comportamento da moeda nacional e “é por isso que, se olharmos aquilo que foi o comportamento da taxa de câmbio no último trimestre do ano passado e ainda durante este ano, sentimos uma forte depreciação”.

“Todavia, nos últimos tempos, notamos uma recuperação significativa do Metical em relação ao dólar norte-americano”, afirmou Gove, indicando que de Março até agora registou-se uma apreciação de cinco por cento.

Neste contexto, Gove disse ser necessário trabalhar para a estabilização contínua da taxa de câmbio e exortou ao povo, às empresas e a todos os moçambicanos para que façam tudo ao seu alcance para proteger a moeda nacional.

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