Protestos esporádicos espalharam-se por diferentes partes da Venezuela, esta quarta-feira (25), depois de um policial ter matado a tiros um adolescente durante uma manifestação contra o governo do presidente Nicolás Maduro na inquieta cidade de San Cristóbal.
A agitação mais grave deu-se novamente em San Cristóbal, onde parentes consternados de Kluibert Roa, de 14 anos, organizaram uma vigília e um funeral em seguida à morte do garoto, na terça-feira.
Testemunhas disseram que dezenas de manifestantes mascarados enfrentaram as forças de segurança em ruas bloqueadas por lixo e pneus na cidade andina, a mesma que foi um dos epicentros dos protestos contra Maduro no ano passado, durante os quais 43 pessoas morreram.
As autoridades locais declararam um dia de luto e muitas lojas ficaram fechadas tanto em homenagem a Roa como por medo. “O meu filho não era nem um apoiante da oposição nem um ‘chavista’, ele era meu filho”, disse o pai Erick Roa no funeral. “Eles mataram uma pessoa inocente.”
Cerca de 200 estudantes e vizinhos estão acampados no local da morte de Roa, onde um altar foi instalado em sua homenagem. Maduro, sucessor do falecido líder socialista Hugo Chávez, condenou a morte de Roa, mas também acusou radicais violentos de San Cristóbal e outros lugares de quererem derrubá-lo.
As circunstâncias exactas da morte de Roa continuam sem esclarecimento. Parentes e estudantes insistem que ele era apenas um observador nos protestos e foi alvejado à queima-roupa, enquanto as autoridades dizem que ele foi atingido quando a polícia viu-se encurralada por meliantes.
Um policial de 23 anos foi detido e acusado pela morte. Em Caracas, dezenas de simpatizantes da oposição reuniram-se em frente ao Ministério do Interior e saíram em passeata em direcção ao gabinete do enviado do Vaticano. Na cidade de Maracaibo, no oeste do país, os membros da oposição encapuzados queimaram um camião com remédios, disse Maduro.
“Isso é uma luta democrática ou terrorismo?”, perguntou o presidente durante um comício na cidade de Guayana, no sul. A tensão política na Venezuela agravou-se na semana passada com a prisão do edil de Caracas, Antonio Ledezma, que foi acusado de dar suporte a uma suposta tentativa de golpe contra Maduro.