O ex-Presidente cubano Fidel Castro aparentemente deu apoio, na segunda-feira, às negociações entre Cuba e os Estados Unidos da América, nos seus primeiros comentários sobre o adversário de longa data desde que os dois países concordaram, no mês passado, em restaurar os laços diplomáticos. Mas Fidel não chegou a declarar um apoio firme à reaproximação, anunciada em 17 de Dezembro pelo seu irmão mais novo e actual presidente de Cuba, Raúl Castro, e o presidente dos EUA, Barack Obama.
“Eu não confio na política dos Estados Unidos e nem tive uma troca com eles, mas isso não significa… uma rejeição a solução pacífica para conflitos ou riscos de guerra”, disse Fidel, de 88 anos, em declaração publicada no site do Granma, o jornal oficial do Partido Comunista cubano.
Os Estados Unidos e Cuba realizaram conversações históricas de alto nível na semana passada, em Havana, que devem levar ao restabelecimento dos laços diplomáticos rompidos por Washington em 1961.
“Qualquer solução pacífica ou negociada para os problemas entre os Estados Unidos e os povos ou qualquer povo da América Latina que não implica a força ou o uso da força deve ser tratada de acordo com os princípios e normas internacionais”, afirmou Fidel.
“Defenderemos sempre a cooperação e a amizade com todos os povos do mundo, entre eles nossos adversários políticos”, acrescentou.
Fidel assumiu o poder numa revolução em 1959 e passou a maior parte dos seus 49 anos no comando do país travando disputas com os Estados Unidos, que nunca obtiveram sucesso em diversas tentativas de derrubá-lo. Ele foi forçado a deixar o poder em 2008 devido a um problema de saúde, e foi sucedido pelo seu irmão Raúl, atualmente com 83 anos.
“O presidente de Cuba tomou os passos pertinentes de acordo com suas prerrogativas e poderes concedidos a ele pela Assembleia Nacional e pelo Partido Comunista de Cuba”, acrescentou Fidel sobre o seu irmão no comunicado.
O silêncio do ex-líder sobre a questão levou a especulações sobre seu estado de saúde e se teria apoiado a reaproximação de seu irmão com os EUA. A 12 de Janeiro, Fidel enviou uma carta ao seu amigo Diego Maradona que desfez os rumores de que teria morrido.