O presidente italiano, Giorgio Napolitano, apresentou a sua renúncia como chefe de Estado, esta quarta-feira (13), deixando o primeiro-ministro Matteo Renzi com a tarefa politicamente delicada de encontrar um sucessor.
Já se esperava que Napolitano, de 89 anos, amplamente respeitado fora da Itália como um garante da estabilidade durante a crise da zona do euro, renunciasse antes do final do seu segundo mandato por causa de sua idade avançada.
Com as eleições na Grécia marcadas para o final do mês e o Banco Central Europeu sob crescente pressão para tomar medidas sem precedentes para combater o risco de deflação, a mudança contribui para um clima cada vez mais incerto na zona do euro. A Itália está a lutar para emergir de anos de recessão e o governo enfrenta uma série de obstáculos para impor a sua agenda de reformas económicas e constitucionais.
O impasse sobre a selecção de um novo chefe de Estado pode absorver energia política preciosa e, na pior das hipóteses, minar o governo Renzi a ponto de ele precisar de restabelecer a sua autoridade com a antecipação das eleições gerais.
Há meses se especula sobre quem sucederia Napolitano no cargo, com poderes amplos mas pouco definidos, que vão desde a nomeação de primeiros-ministros ao veto de leis e o exercício da persuasão moral sobre a política do governo. Nenhum candidato favorito surgiu.
Entre os principais nomes citados estão o ex-primeiro-ministro Romano Prodi, o actual ministro da Economia, Pier Carlo Padoan, e o juiz do tribunal constitucional Sergio Mattarella. O presidente do BCE, Mario Draghi, antes tido como candidato, descartou a possibilidade de deixar o seu acctual cargo.
O novo presidente será eleito numa votação secreta por uma sessão conjunta de ambas as Casas do Parlamento, além de representantes das regiões, num processo complexo, de vários turnos. A votação tem de começar dentro de 15 dias e a previsão é que se inicie no final do mês.
O fracasso da votação em 2013, quando as disputas políticas entre os partidos obrigaram Napolitano a apresentar-se como candidato de compromisso, demonstra como o procedimento é arriscado.
O Partido Democrata de Renzi, de centro-esquerda, tem cerca de 450 pessoas na assembleia que terá 1009 eleitores, o que dá ao primeiro-ministro uma base suficiente para eleger o seu candidato, sem depender de ajuda dos principais partidos da oposição.
Mas o risco de facto para Renzi, que está há menos de um ano no poder, pode vir das próprias fileiras do seu partido, onde a ala da esquerda e alguns da velha guarda podem tentar extrair concessões de um primeiro-ministro que sempre viram com desconfiança.
Napolitano, um ex-comunista que entrou para o Parlamento em 1953, concordou relutantemente com um segundo mandato em 2013, depois de o impasse geral nas eleições ter ameaçado criar o caos político. Os mandatos presidenciais na Itália são de sete anos.