Um barco com centenas de migrantes foi abandonado pela tripulação no Mediterrâneo, perto da costa sul da Itália no segundo incidente do tipo em três dias, informou a guarda costeira da Itália nesta sexta-feira.
Guardas costeiros conseguiram tomar o controle da embarcação, que tinha bandeira da Serra Leoa, depois de pousarem no barco um helicóptero, informou um comunicado. Diante de condições meteorológicas más, eles estão a tentar levar o barco para um porto italiano. O cargueiro estava à deriva depois de ficar sem combustível perto da costa sul da Itália com até 450 pessoas a bordo.
De acordo com um site que rastreia movimentações marítimas, o barco foi fabricado há 50 anos para carregar animais. “Sabemos que ele saiu de um porto turco e foi abandonado pela tripulação”, disse o porta-voz da guarda costeira, Filippo Marini à emissora de TV SkyTG24. “Quando saudamos o navio para saber o seu status, uma migrante respondeu dizendo ‘estamos sozinhos e não temos ninguém para nos ajudar’.”
A embarcação foi colocada em rota de colisão com a costa italiana antes de ficar sem combustível, disse o porta-voz. A nacionalidade dos migrantes não era conhecida, mas há mulheres e crianças a bordo. Esse é o terceiro navio com imigrantes em duas semanas, em uma mudança na tática dos traficantes de pessoas, que passaram a abandonar as embarcações.
Há duas semanas, a Marinha italiana saiu em socorro de um cargueiro abandonado que levava 850 migrantes e os desembarcou em um porto na Sicília.
A guerra civil na Síria e a instabilidade na Líbia elevaram o número de pessoas cruzando o Mediterrâneo no último ano. A maioria deles paga entre 1.000 e 2.000 dólares para traficantes pela viagem.
A agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU) disse que 160 mil migrantes marítimos chegaram à Itália até novembro de 2014 e outras 40 mil à Grécia. Outros milhares tentaram a viagem.
Os traficantes mudaram de tática porque a Itália terminou sua estratégia, conhecida como Mare Nostrum, de realizar missões de busca e resgate marítimos, o que fez com que as travessias em barcos menores se tornasse mais arriscada, também por causa do aumento dos combates na Líbia, disse à Reuters Carlotta Sami, porta-voz da agência de refugiados da ONU.