A finalização do acordo entre a Fiat e a Chrysler nesta quarta-feira tira da falência o construtor americano, o que representa um grande êxito para o grupo italiano, que retornará ao mercado dos Estados Unidos, reforçando-se mundialmente.
A “nova Chrysler”, que emerge do processo judicial, será “imediatamente” operacional, segundo comunicado conjunto publicado no dia seguinte da autorização dada pela Corte Suprema dos Estados Unidos. A nova companhia, que atuará com o nome de Chrysler Group LLC, será controlada inicialmente em 20% pela Fiat.
A montadora italiana não traz dinheiro, apenas sua tecnologia e novos modelos. Sua participação subirá progressivamente até 35%, enquanto que os Estados americano e canadense vão abocanhar, respectivamente, 8% e 2% ; e um fundo de gestão sindical, 55%, desde que algumas metas predefinidas sejam cumpridas.
A nova Chrysler recuperou “o essencial” dos ativos da montadora americana, que teve de pedir concordata em 30 de abril. Porém, parte da dívida da empresa ficará na “antiga Chrysler”, que deverá ser liquidada sob a supervisão do tribunal de falências de Nova York. O presidente da Fiat, Sergio Marchionne, também assumirá a direção-geral da montadora americana, destacaram os dois grupos. Como previsto, Robert Kidder será o presidente do conselho de administração de Chrysler Group.
A Fiat poderá mais adiante tomar o controle do grupo, assim que tenham sido devolvidos os 6 bilhões de dólares adiantados por Washington para a sobrevivência da Chrysler. As duas equipes vão trabalhar já “no desenvolvimento de novos veículos de alta qualidade, projetados para respeitar o meio ambiente e caracterizados pela economia que serão, no futuro, a marca da Chrysler”, comentou Marchionne.
Com esta aliança, além disto, a Fiat entra no mercado americano, ao qual quer regressar com suas marcas Fiat 500 e Alfa Romeo. O Alfa Romeo deixou de ser fabricado nos Estados Unidos em 1995. Na terça-feira, a Suprema Corte dos Estados Unidos negou-se a voltar a examinar o caso e autorizou a venda da Chrysler à italiana Fiat, suspendendo o último obstáculo à reestruturação da montadora americana sob concordata.
Em sentença de duas páginas, o Supremo assinala que os fundos de pensão do Estado de Indiana que pediram o bloqueio da transação não apresentaram “as circunstâncias que justificariam” a medida. “A suspensão temporária (da venda) decretada pela juíza (Ruth Bader) Ginsburg, em 8 de junho de 2009, está anulada”.
A venda à Fiat permitirá à Chrysler sair da concordata como uma nova empresa. O caso chegou ao Supremo na véspera, e tanto a Chrysler como o governo americano advertiram que qualquer adiamento poderia comprometer o acordo. Para a Fiat, um peso médio do setor que levantou a cabeça pelas mãos de Marchionne e que espera aproveitar a crise para escalar na hierarquia mundial do automóvel, a concretização da operação com a Chrysler é um resultado feliz.
Com esta operação, o grupo italiano livra-se do espinho na garganta representado pela Opel, filial da americana General Motors (GM), cuja aquisição perdeu há dez dias para a canadense Magna. Segundo um porta-voz da Fiat, a Chrysler é agora a “prioridade” do grupo italiano. No entanto, a Fiat prossegue buscando novos parceiros que lhe permitam alcançar um nível de produção de entre 5,5 e 6 milhões de veículos por ano.
No momento, Fiat e Chrysler produzem juntos 4 milhões de veículos por ano.