O edil de Roma ordenou nesta quinta-feira a retirada de 45 crianças de um centro para imigrantes que tem estado sob ataque pela população local há quatro dias.
O edil Ignazio Marino disse que o prédio, que abriga cerca de 70 pessoas, incluindo alguns italianos desabrigados, tinha sido “seriamente danificado” e que as crianças não estavam mais seguras lá. O centro fica em Tor Sapienza, um bairro pobre na periferia leste da capital italiana, e tornou-se o mais recente foco de um ressentimento crescente ao longo dos últimos anos, período em que os italianos vêm enfrentando a queda da renda e o aumento do desemprego.
A violência irrompeu na segunda-feira à noite, quando manifestantes gritando insultos contra os imigrantes jogaram pedras contra o edifício e atearam fogo no lixo em frente ao prédio. Uma forte presença policial não conseguiu acalmar os moradores, que acusam os imigrantes de tráfico de drogas e prostituição. Os manifestantes continuaram realizando marchas e atirando pedras e garrafas.
Promotores abriram uma investigação para identificar os responsáveis, afirmou o gabinete de Marino em um comunicado, acrescentando que “Roma rejeita todas as formas de violência, racismo e xenofobia”.
Corcolle, outro subúrbio a leste de Roma, foi cenário de violência semelhante em setembro e houve outros ataques recentes contra imigrantes na capital. As tensões têm ajudado a alimentar uma onda de apoio ao partido anti-imigração Liga Norte, liderado por Matteo Salvini, de 41 anos, que assumiu o partido há um ano.
Salvini, que é frequentemente acusado de atiçar a violência, foi atacado em seu carro no sábado por estudantes quando apareceu em um acampamento de ciganos em Bolonha que alguns moradores, apoiados pela Liga Norte, dizem que deve ser fechado.
Mario Borghezio, membro da Liga Norte no Parlamento Europeu, disse que irá visitar o bairro de Tor Sapienza na sexta-feira e levar a “solidariedade” de Salvini aos moradores.