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Curdos iraquianos atacam Estado Islâmico mas não rompem cerco a cidade síria

As forças curdas do Iraque abalaram, mas não não romperam, o cerco à cidade fronteiriça síria de Kobani, uma semana depois de serem recebidas com entusiasmo levando armamento pesado e combatentes para tentar salvar a localidade de um avanço do Estado Islâmico.

Kobani tornou-se um teste simbólico da capacidade de a coligação encabeçada pelos Estados Unidos deter o avanço dos insurgentes sunitas. A cidade na fronteira Síria-Turquia é uma das poucas áreas sírias onde a aliança consegue coordenar ataques aéreos com operações de uma força terrestre eficiente.

A chegada com veículos blindados e artilharia dos curdos iraquianos, conhecidos como peshmerga, ou “aqueles que encaram a morte”, permitiu à coligação bombardear posições do Estado Islâmico ao redor de Kobani e recuperar alguns vilarejos.

Mas as frentes de batalha na cidade propriamente dita pouco mudaram. O seu flanco leste continua a ser controlado pelos militantes radicais, e grande parte do oeste ainda está nas mãos do YPG, principal facção armada curda da Síria defendendo a cidade, e os combatentes aliados.

“Não há nenhuma mudança em Kobani como resultado dos peshmerga. Talvez uma ou duas ruas tenham sido conquistadas, e depois perdidas, e vice-versa”, disse Rami Abdulrahman, do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo de monitoria sediado em Londres.

“O Estado Islâmico está bem entrincheirado em Kobani, e os curdos dizem que precisam de mais armamento pesado para fazerem estragos… também precisa haver uma coordenação melhor entre as unidades curdas e as forças aéreas da coligação”, afirmou, acrescentando que os atentados suicidas dos extremistas sunitas têm surtido efeito.

Heróis

Os peshmerga entraram em Kobani em mais de uma dúzia de picapes e jipes na sexta-feira passada vindos da Turquia, comemorando e fazendo sinais de vitória. Eles foram acolhidos como heróis pelos curdos turcos e por refugiados curdos sírios, revoltados com a recusa de Ancara de enviar suas próprias tropas e otimistas com a perspectiva de ver os peshmerga virarem o jogo.

O Governo Regional do Curdistão, que administra uma região semi-autônoma no norte do Iraque, deixou claro desde o início que seus cerca de 150 combatentes peshmerga não iriam envolver-se em combates directos em Kobani, mas fornecer apoio de artilharia aos curdos sírios.

“Claro que a presença dos peshmerga tem sido útil, porque estão a bombardear posições do Estado Islâmico, destruindo os seus combatentes e as suas armas”, declarou Idris Nassan, uma autoridade de Kobani, por telefone.

“Por causa do bombardeio dos peshmerga detivemos o avanço do Estado Islâmico nas áreas rurais do oeste, assim como nos frontes do leste e do sudeste da cidade”, disse ele. Segundo ele, também houve um bom trabalho de equipe entre as unidades curdas e o Exército Livre da Síria, grupo de rebeldes moderados.

“O Estado Islâmico traz sempre novos combatentes e suprimentos, então precisamos de combatentes e suprimentos também”, afirmou Nassan, acrescentando que os sunitas tomaram nove tanques num ataque ao campo de gás de Sha’ar, no centro do país, que estão a levar para Kobani.

“Precisamos de mais coordenação com as forças da coligação e mais armamento pesado, especificamente armas anti-tanque e outras armas para compensar os seus canhões, foguetes e morteiros”.

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