O uso da agricultura para mitigar a mudança climática nos países em desenvolvimento pode ser chave para a luta contra a fome e a pobreza, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
“Se a agricultura nos países em desenvolvimento se tornar mais sustentável, aumentar sua produtividade e se for mais resistente ao impacto da mudança climática, ajudará a reduzir a cifra atual de cerca de um bilhão de vítimas da fome e oferecerá oportunidades de renda e emprego”, destacou Alexander Mueller, diretor geral adjunto da FAO.
A entidade, que tem sede central em Roma, solicita maiores investimentos e informação para aumentar os cultivos sustentáveis e formar agricultores de acordo com novos critérios. “Milhões de camponeses pobres em todo o mundo podem ajudar a reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa”, destacou Peter Holmgren, coordenador da FAO para as negociações da ONU sobre a mudança climática. “O novo acordo mundial sobre o clima que for adotado em Copenhague em dezembro deve incluir a agricultura”, pediu Holmgren.
Segundo ele, os acordos mundiais atuais não chegam aos camponeses nos países mais pobres. “É preciso adotar mecanismos novos e mais flexíveis de financiamento, que ofereçam incentivos aos agricultores, incluindo os pequenos camponeses, e pode participar na redução e eliminação dos gases causadores do efeito estufa”, destacou a FAO.
A agricultura é uma fonte importante de emissões de gases causadores do efeito estufa, com 14% do total no mundo. As mudanças de uso da terra, como o desmatamento, representam 17% a mais, segundo dados da organização. Entre 1990 e 2005, as emissões da agricultura nos países em desenvolvimento aumentaram em cerca de 30%, e espera-se que aumente ainda mais.