As forças curdas no norte da Síria rebateram um avanço de combatentes do Estado Islâmico contra uma cidade estratégica na fronteira turca, esta quinta-feira (25), e apelaram para que os ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos tenham como alvo os tanques e armamentos pesados dos insurgentes.
O Estado Islâmico (EIIL) lançou há mais de uma semana uma nova ofensiva para tentar capturar a cidade fronteiriça de Kobani, cercando-a por três lados. Pelo menos 140 mil curdos fugiram da cidade e das vilas próximas desde a sexta-feira, cruzando para a Turquia.
Os ombatentes curdos e do Estado Islâmico trocaram salvas de artilharia e tiros de metralhadoras num aglomerado de vilas a cerca de 15 quilómetros de Kobani, onde a frente de batalha não parece ter se alterado significativamente há dias, disse uma testemunha.
As autoridades curdas locais, enquanto isso, disseram que o Estado Islâmico havia concentrado os seus combatentes ao sul da cidade na noite da quarta-feira, e estavam a pressionar para avançar, mas acrescentaram que o principal grupo armado curdo no norte da Síria, o YPG, os havia repelido durante a noite.
“O YPG respondeu e repeliu-os de volta a 10-15 quilómetros de distância”, disse por telefone Idris Nassan, vice-ministro de Relações Exteriores da região de Kobani. Os refugiados curdos sírios que observavam o confronto a partir de uma colina do lado turco da fronteira disseram que os insurgentes do Estado Islâmico não foram capazes de avançar.
Veículos militares turcos patrulharam o seu lado da fronteira, com os soldados ocasionalmente a retirarem pessoas da colina de onde se viam os combates. Armas pesadas também podiam ser ouvidas do ladro sírio da fronteira. A localização da cidade tem bloqueado os insurgentes sunitas na consolidação dos seus avanços no norte da Síria.
O grupo tentou tomar a cidade em Junho, mas foi repelido por forças locais apoiadas por combatentes curdos vindos da Turquia. O YPG, esta quinta-feira, renovou os seus pedidos de que ataques aéreos liderados pelos EUA acertem posições do Estado Islâmico ao redor de Kobani.
“Embora todas as posições do EIIL e seus armamentos pesados, incluindo tanques e veículos blindados ao redor de Kobani, estejam claros e dentro da visão para todos na linha de frente, vale notar que esses alvos ainda não foram bombardeados”, disse o porta-voz do YPG, Redur Xelil.
“Estamos na maior prontidão para cooperar com a coligação de forças internacionais contra o terrorismo e dar informações detalhadas sobre os principais alvos”, disse ele.
A Turquia tem sido lenta em unir-se à coligação para combater o Estado Islâmico na Síria, preocupada, em parte, pelos laços entre curdos sírios e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), um grupo militante que se contrapõe ao governo turco há três décadas, em busca de mais direitos para os curdos. O PKK pediu que os curdos da Turquia entrem na batalha para defender Kobani e acusou a Turquia de apoiar o Estado Islâmico.