Os militantes do Boko Haram levaram mais de 26 mil pessoas a deixarem a cidade de Bama, no nordeste da Nigéria, no meio de um confronto violento, disseram testemunhas e fontes de segurança, esta quarta-feira (3), num momento em que os islamitas concentram-se em tomar e proteger territórios.
O governo do Estado de Borno, onde Bama está localizada, informou que ainda controlava a cidade. Fontes locais disseram anteriormente que o Boko Haram, que começou o seu ataque na segunda-feira, havia tomado o controle de grande parte de Bama até terça-feira.
À medida que o combate avançava, chegavam notícias de que a insurgência alcançava mais uma vitória na terça-feira, ao conquistar a pequena cidade de Bara, a sudoeste, entre Maiduguri e a capital nacional Abuja, sem disparar um tiro.
Os ataques do Boko Haram parecem ter mudado de foco nas últimas semanas e visam tomar território e segurá-lo, uma estratégia que, segundo os analistas, poderia ser inspirada pelo exemplo do Estado Islâmico de declarar um califado na Síria e no Iraque.
No mês passado, os rebeldes capturaram a cidade rural remota de Gwoza, ao longo da fronteira com Camarões, durante combates pesados??. O líder Abubakar Shekau declarou num vídeo que a cidade era agora “território muçulmano”.
A Agência Nacional de Gestão de Emergência (Nema) no Estado de Borno disse, esta quarta-feira, que 26.391 pessoas deixaram a cidade até o momento. “O número está a crescer a cada hora”, disse o porta-voz Abdulkadir Ibrahim.
A captura de Bama colocaria os rebeldes mais perto da capital do Estado de Borno, Maiduguri, que é o berço do movimento Boko Haram. Os temores de que Maiduguri poderia ser o próximo alvo levaram o governo a estender um toque de recolher durante a noite no local.
“O ataque à cidade de Bama… foi muito infeliz, mas quero tranquilizar o nosso povo que o governo está no controle da situação”, disse o vice-governador de Borno, Zanna Mustapha, num comunicado.
“As nossas forças de segurança estão a combater os insurgentes numa batalha feroz.” O Boko Haram, um movimento jihadista sunita cujo nome significa “a educação ocidental está proibida”, já matou milhares de pessoas desde o lançamento de um levante em 2009 para estabelecer um Estado islâmico na Nigéria. O grupo é, de longe, a principal ameaça de segurança para a maior economia da África.