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Tuberculose dissemina-se em Moçambique mas está controlada

Tuberculose dissemina-se em Moçambique mas está controlada

Em Moçambique, a tuberculose, uma doença grave, evitável e curável se detectada e tratada atempadamente, passou de 51 mil casos, em 2012, para 53 mil infecções, em 2013. Os dois mil novos contaminados parecem insignificantes mas são bastante preocupantes num país que, para além de escassez de meios para tratar a doença, ainda enfrenta problemas relacionados com comportamentos negativos tais como o abandono do tratamento e a toma incorrecta de medicamentos por parte dos enfermos.

A organização Médicos Sem Fronteira (MSF) refere que Moçambique tem a segunda taxa mais alta de casos de tuberculose multi-resistente (TB-MDR) na África Austral e indica que o país registou 54 mil casos de tuberculose, em 2013. Destas infecções, 80 porcento são de tuberculose pulmonar e 20 extrapulmonares.

No país, o número de enfermos tem vindo a aumentar nos últimos dias. De 2007 a 2010, o crescimento foi de 38.044 para 46.174 novos casos. Neste contexto, é preciso continuar-se a apostar na prevenção e os agentes de Saúde devem estar cada vez mais preparados para efectuar diagnósticos desta patologia em tempo útil, mas para o efeito é necessário que as pessoas se façam, também, aos hospitais com vista a serem examinadas.

No primeiro semestre de 2014, as autoridades da Saúde registaram 23 mil novas infecções, mas houve uma ligeira redução comparativamente a igual período do ano passado. E a par do que acontece relativamente ao VIH/SIDA, as províncias de Maputo (incluindo a cidade), Gaza e Sofala são as que apresentam o maior número de doentes. Todos os anos, pelo menos sete porcento de indivíduos que padecem de tuberculose morrem em todo o país, porque se fazem tarde às unidades sanitárias.

O director do Programa Nacional de Controlo da Malária, Ivan Manhiça, disse ao @Verdade que a moléstia a que nos referimos está controlada apesar do aumento de casos que os números acima reflectem. Ele adianta que Moçambique não vai alcançar as metas dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), que preconizam que, até 2015, a prevalência da tuberculose deve ser reduzida de 298 casos para 149 casos por cada 100 mil habitantes, bem como a mortalidade de 36 pessoas para 18 em igual número de população. Alguns países da África subsaariana não vão, também, atingir as metas do desiderato em alusão.

O nosso entrevistado manifestou-se agastado com o facto de as campanhas de consciencialização da população com vista a ter-se cuidado com esta enfermidade não estarem a surtir os efeitos desejados. É que a taxa predominância da tuberculose passou de 298 infecções, em 2011, para 490 casos, em 2013, em cada 100 habitantes. Em igual período, a mortalidade reduziu de 36 para 30.

Segundo Ivan Manhiça, a Saúde aumentou os recursos financeiros que eram alocados ao combate a esta enfermidade, melhorou a capacidade de diagnóstico rápido e tratamento e introduziu outras medidas para contornar esta situação, mas o grande problema são as pessoas, que ainda não têm a noção do perigo que a doença representa para si e para o Governo.

Em 2013, foram diagnosticados 60 mil casos de tuberculose, dos quais 60 porcento associados ao vírus da SIDA e 300 novas infecções relativas à tuberculose multi-resistente. Todavia, a implementação do Programa Nacional de Controlo da Tuberculose permitiu curar 85 porcento dos pacientes que padeciam desta doença e fazer com que o “bacilo de Koch” fosse controlado.

De acordo com Ivan Manhiça, outro problema que preocupa as autoridades está relacionado com o facto de dos 53 mil enfermos registados anualmente, cerca de quatro porcento abandonam (incluindo os que padecem também de SIDA) a terapia devido aos efeitos colaterais da mesma e ao período relativamente longo que dura, a longas distâncias percorridas para se ter acesso a uma unidade sanitária e ao desconhecimento dos sintomas da doença por parte da maioria da população.

A proporção referida pelo nosso interlocutor está abaixo dos cinco porcento da taxa de abandono do tratamento estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mas Manhiça disse que não se pode ficar sossegado enquanto houver gente que renuncia à toma de fármacos porque outras pessoas podem ser contaminadas.

Para erradicar a doença, o sector da Saúde está a realizar campanhas de sensibilização sobre os perigos da doença e rastreio comunitário da tuberculose em grupos considerados de alto risco: aqueles que vivem ou trabalham em espaços abarrotados ou fechados, tais como prisioneiros, enfermeiros, pessoas que estão em contacto permanente com os doentes e a difundir mensagens sobre a necessidade de prevenção. Está-se igualmente a treinar os profissionais da Saúde com vista a aperfeiçoarem as técnicas de rastreio e diagnóstico da doença.

De acordo com a MSF, para travar a propagação da doença é necessário que o Governo moçambicano e a comunidade internacional tratem a TB-MDR como uma emergência, melhorem o diagnóstico e assegurarem o tratamento.

Transmissão e tratamento da tuberculose

A tuberculose propaga-se através do ar contaminado com o “bacilo de Koch” e, uma vez a pessoa infectada, pode contaminar outros indivíduos por meio da fala, tosse e do espirro. É bastante importante saber também que os indivíduos que moram com um tuberculoso se podem infectar.

Os principais sintomas são: tosse ? em geral que persiste por mais de 15 dias ? febre (mais frequente ao entardecer), suores noturnos, falta de apetite, emagrecimento e fadiga sem ter realizado nenhuma actividade.

Os doentes com tuberculose não devem, de forma nenhuma, abandonar o tratamento por conta própria porque se criam condições para a propagação de “bacilos de Koch”, o que pode levar à morte.

Esta enfermidade tem cura. Na maior parte dos casos são utilizados dois medicamentos: duas cápsulas vermelhas que contêm os remédios rifampicina e isoniazida e quatro comprimidos brancos que incluem pirazinamida. O tempo necessário para o tratamento da tuberculose é, em geral, seis meses.

Não se pode tomar os fármacos e simultaneamente ingerir bebidas alcoólicas devido ao risco de complicações de saúde. É aconselhável que se pare de fumar.

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