A Polícia da República da Moçambique (PRM) restituiu à liberdade os sete membros da Renamo detidos, sexta-feira, 01 de Agosto, na província de Nampula, acusados de posse ilegal de armas de fogo. Depois da soltura as autoridades devolveram aos indiciados as viaturas, ficando com as armas apreendidas.
Os indivíduos em causa, nomeadamente Fernando Jossias Matuazanga, deputado, Abdala Ossifo Ibrahimo, delegado político na Zambézia, José António Elias, Bernardo Mantiguisse, Manete Dinis Guia, Artur Mirasse Coche e João John Buca foram encontrados na posse de cinco armas do tipo AKM 47, igual número de carregadores vazios, 400 munições e duas bandeiras da “Perdiz”.
Fernando Matuazanga e Abdala Ossifo foram libertos naquela mesma sexta-feira à noite sob termo de identidade e residência, enquanto os outros foram soltos na segunda-feira (04) supostamente por “ordens superiores”.
O responsável do gabinete de imprensa da Renamo ao nível da capital do país, Gilberto Chirindza, confirmou a soltura dos seus pares e sobre as armas nas mãos da Polícia disse que esta prometeu devolvê-las.
De acordo com o porta-voz da Polícia em Nampula, Miguel Bartolmeu, os indiciados não chegaram a ser ouvidos por nenhum juiz de instrução.
Os elementos pertencentes ao antigo movimento rebelde em Moçambique foram presos no posto de controlo número dois, no distrito de Murrupula.
Segundo Miguel Bartolomeu, na altura da detenção os indiciados faziam-se transportar em duas viaturas com as matrículas EAB 157 MP e EAB 111 MP, supostamente para alocar material bélico junto aos seus colegas das regiões de Nabuco e Murrupala.
Sem detalhar as suas alegações, os visados disseram que estavam em Nampula para cumprir ordens do seu líder, Afonso Dhlakama. Fernando Matuazanga disse que naquela província se pretendia preparar o terreno e a segurança para o líder em virtude de este ter dado ordens para o efeito e comunicado que em breve estaria a circular na via pública.
João Buca, representante dos guerrilheiros da Renamo em Nampula, negou, a pés juntos, saber da proveniência das armas e da sua finalidade em Nampula. Ele apontou o delegado político Abdala Ibrahimo como sendo a pessoa que conhece os contornos sobre a finalidade do material bélico.
No entanto, em Maputo, de acordo com Saimone Macuiane, chefe da delegação da Renamo nas negociações com o Governo, as armas estavam a caminho da casa oficial de Afonso Dhlakama, em Nampula, onde se presume que vai passar a viver quando sair de “parte incerta”.
Refira-se que Dhlakama vivia naquela parcela de Moçambique antes da tensão político-militar. Saimone Macuiane disse ainda que as armas eram para ser entregues aos novos membros da segurança do líder da “Perdiz”, em substituição dos antigos homens mortos na prisão no ano passado, e visam garantir que Dhlakama esteja seguro ao sair do seu esconderijo, nos próximos dias, visto que o acordo entre o Governo e Renamo está prestes a ser selado.
Contudo, Macuaine condenou a detenção de Fernando Matuazanga e Abdul Issufo e disse que se autoridades enveredarem por este caminho, o acordo final entre o Governo e a Renamo pode ficar comprometido e adiar o alcance do interesse do povo, a paz.
Macuiane disse também que as forças governamentais têm atacado os membros da Renamo e estes não retaliam por ordens do seu líder, Afonso Dhlakama, por respeito ao processo em curso visando a paz no país.
“O problema não é das armas, o problema é dos corações dos nossos dirigentes, nomeadamente Afonso Dhlakama e Armando Guebuza, que devem assinar um acordo duradouro, definitivo e que traga a tranquilidade a todo o povo moçambicano. Que se crie um ambiente em que cada moçambicano se sinta livre de circular no país”, disse o político, para quem a Renamo tem armas há 20 anos e todos sabem disso. Nenhum segredo existe em torno deste assunto.
Não é a primeira vez que membros da Renamo são detidos na posse de armas de fogo. No ano passado, homens desta formação política foram presos em Chimoio na posse de seis armas de fogo e, ao que se sabe ainda não foram devolvidas, apesar das negociações levadas a cabo pelo Governo e o maior partido da oposição.
Aliás, em Nampula, 21 membros da Renamo estão presos desde Outubro de 2013 acusados de promover desmandos na localidade de Napome, no distrito de Nampula-Rapale.