Com um golaço de Mario Goetze no segundo tempo do prolongamento, a Alemanha acabou com um tabu histórico e conquistou o primeiro título mundial de uma seleção europeia nas Américas ao derrotar a Argentina por 1 x 0, neste domingo, no estádio de Maracana, coroando uma campanha formidável onde se destaca a goleada histórica sobre os anfitriões por 7 x 1 na semifinal. Goetze, que entrou no fim do tempo normal, matou a bola no peito dentro da área após lançamento de Schurrle e bateu para a baliza sem deixar cair no chão, levando ao delírio adeptos alemães e brasileiros que se uniram contra os argentinos na final do Mundial de futebol.
O golo aos 8 minutos do segundo tempo do prolongamento garantiu aos alemães o seu quarto título mundial, após as conquistas em 1954, 1974 e 1990.
Esta vitória ainda desempatou um duelo individual com a Argentina, uma vez que cada equipe havia vencido uma vez nas duas finais de Copa disputadas entre elas antes: a Argentina ganhou em 1986 e a Alemanha em 1990.
Num estádio lotado por 74.738 pessoas, com os brasileiros juntando-se aos alemães contra os argentinos, as duas equipes disputaram uma partida tensa mas com bom lances e chances de golos de ambas as partes, apesar do 0 x 0 no tempo normal.
Faltou para a Argentina o brilho de Lionel Messi, que não conseguiu render o esperado na primeira final de Copa do Mundo da sua carreira. Sem poder contar com o médio Sami Khedira, que sofreu uma contusão no aquecimento, a Alemanha não pôde repetir a formação que goleou o Brasil por 7 x 1 na semifinal, enquanto os argentinos levaram a campo a mesma equipe que passou pela Holanda na semifinal, na disputa de pênaltis.
Desde o início as duas seleções demonstraram merecer a vaga na tão sonhada final e fizeram da decisão um espetáculo para os adeptos, entre eles celebridades internacionais e chefes de Estado. A chanceler alemã, Angela Merkel, vibrou bastante no estádio após o apito final.
Mesmo sem golos, não faltaram emoções nos primeiros 90 minutos. Num erro incomum da Alemanha, Kroos cabeceou a bola para trás e deixou Higuaín de frente para o guarda-redes alemão Neuer, aos 20 minutos, mas o atacante desperdiçou a oportunidade e chutou para fora. O mesmo Higuaín ainda balançou a rede 10 minutos depois, mas o lance foi anulado por fora de jogo, para desespero do atacante que já estava a comemorar.
A parte final da primeira etapa foi de domínio alemão, especialmente depois que Kramer, substituto de Khedira na equipa titular, precisou deixar o campo por uma pancada na cabeça e foi substituído por Schurrle. A superioridade quase resultou em golo no minuto final, quando Howedes acertou a trave numa cabeçada após cobrança de um pontapé de canto.
A Argentina voltou para o segundo tempo com Aguero no lugar de Lavezzi e pouco depois colocou Palacio na vaga de Higuaín, mudando a formação da sua linha de frente. Mas os argentinos precisaram mesmo foi se preocupar com a defesa. Os alemães pressionaram em busca de um golo para garantir a vitória nos 90 minutos e tiveram uma boa chance num chute de Kroos de fora da área, mas a bola saiu pela linha de fundo.
A poucos minutos do fim do tempo normal, um adepto sem camisa invadiu o relvado e conseguiu chegar perto dos jogadores devido à lentidão dos seguranças para perceber a invasão e ir atrás do homem, que foi capturado.
Daí em diante, as duas equipes não se arriscaram e deixaram o jogo caminhar para o tempo extra. Antes, no entanto, ambos fizeram mudanças: Goetze substituiu Klose na Alemanha e Gago entrou no lugar de Pérez.
Com um minuto da prolongamento, Schurrle recebeu passe de Goetze e forçou Romero a fazer boa defesa, mostrando a disposição da Alemanha de continuar jogando no ataque. A Argentina, no entanto, teve ótima chance de marcar ainda na primeira parte. Palacio recebeu lançamento de Rojo e ficou de frente para o guarda-redes alemão, mas sua tentativa de encobrir Neuer foi para fora.
Nos 15 minutos finais, as duas equipes reforçaram a marcação com o último fôlego que tinham, às vezes com excesso de força. Numa disputa de bola pelo alto, Aguero deixou o braço no rosto de Schweinsteiger, que deixou o campo momentaneamente sangrando.
A partida parecia se encaminhar para os penaltis e a tensão tomava conta das arquibancadas quando Goetze marcou o golo histórico que garantiu o tetra, o primeiro título de uma selecção europeia na América.
