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Pai rejeita filho deficiente físico

Pai rejeita filho deficiente físico

Na sociedade moçambicana são poucos os casos de pais que se compadecem com os seus filhos depois de notarem que são deficientes físicos. A situação por que passa o pequeno Edú Manuel é exemplo disso. Aos sete meses de idade, o petiz foi abandonado pelo seu progenitor depois de este ter tido informações médicas segundo as quais o menor sofria de dores na coluna vertebral, nas costelas e de problemas do coração, além de malnutrição crónica.

Devido às referidas patologias, a criança iria, a partir daquela altura, enfrentar dificuldades para se sentar e se locomover. Ao contrário de outras crianças, Edú Manuel nunca teve, desde a sua nascença, o carinho do seu pai. Isso acontece numa altura em que o petiz precisava do amparo do progenitor em virtude de ter contraído doenças que lhe afectaram as costelas, a coluna vertebral e o coração, não obstante ter nascido de um parto normal, tendo pesado, na altura, 2.7 quilogramas e se encontrar em boas condições de saúde.

A dado momento, uma equipa de profissionais do Hospital Central de Nampula descobriu várias anomalias no corpo do petiz. Na sequência dos diagnósticos médicos, o pai do menor, Sualé Manuel, abandonou a sua família alegadamente porque a criança não era sua, embora tenha sido registada por ele.

De seguida, a mãe, de nome de Maria João, decidiu encaminhar o caso às estruturas sociais do bairro de Namutequeliua, onde se chegou ao “veredicto” de que o pai deve prestar assistência alimentar e responsabilizar- se pelas necessidades básicas da criança.

Na altura, Sualé Manuel assumiu o compromisso de garantir apoio ao petiz, promessa que não foi cumprida, uma vez que, depois daquele momento, a família de Edú passou a viver dias terríveis, visto que a mãe do petiz não dispõe de nenhuma fonte de renda, recorrendo a negócios informais para garantir o pão na mesa. “Tudo começou quando o meu filho atingiu sete meses de vida e não conseguia sentar-se ou fazer quaisquer movimentos físicos”, lamenta.

Segundo diagnósticos médicos, Edú sofre de marasmo, cardiopatia congénita, malnutrição crónica, broncopneumonia, além de atraso no processo de desenvolvimento psicomotor.

Na tentativa de aliviar o sofrimento do menor, os profissionais da Saúde aconselharam-na a administrar adequadamente os medicamentos prescritos e a realizar fisioterapia regularmente, o que, segundo a interlocutora, permitiu que algumas partes do corpo se tornassem activas, embora tenha dificuldades na fala. Contudo, os resultados das recomendações médicas não satisfizeram aquela mãe inconformada com o estado de saúde do filho.

Maria João deseja ver o seu descendente a sentar-se. “Os meus primeiros três filhos começaram a sentar-se entre os quatro e seis meses de idade, mas Edú tem quatro anos, não se senta e isso preocupa-me. Já o levei a diferentes hospitais mas não registou avanços significativos, uma vez que não tenho dinheiro para pagar o tratamento numa clínica privada” diz.

Birigimana Zepherin, pediatra afecta ao Hospital Central de Nampula, explicou ao @Verdade que o atraso que se regista no desenvolvimento psicomotor do menor deve-se a três doenças consideradas graves e que afligem o pequeno. Aquela profissional da Saúde afirmou que Edú pode ultrapassar o sofrimento a que está votado, mas é necessário fazer-se uma operação na coluna vertebral, seguindo-se o tratamento dos problemas do coração e das costelas.

Para o efeito, há necessidade de se levar a criança para a cidade de Maputo, porém, a mãe não tem condições financeiras para custear o tratamento, transporte e a estadia na capital do país.

Pai insensível

mages/stories/02014/crianca/edu deficiente costas.jpgA progenitora do menor explicou que a sua tristeza não assenta apenas no facto de o seu filho ter nascido deficiente, mas porque o seu progenitor, Sualé Manuel (jornalista de profissão), decidiu abandonar a família depois de constatar que a criança padece de uma doença incomum. O mais agravante é que não presta assistência ao menor. “Desde que a criança começou a ter problemas de saúde, o pai desapareceu sem deixar rasto” lamenta Maria João.

Em contacto com o nosso semanário, Sualé Manuel negou ser o pai da criança, tendo afirmado que nunca seria capaz de negar a paternidade, ou seja, abandonar o seu próprio filho. Porém, ele disse que tem apenas uma filha com a cidadã Maria João. “Se Edú fosse meu filho, eu não recusaria assumir a criança. Não tenho motivos para aceitar a paternidade da menina e deixar aquele menino a sofrer” afirmou, explicando que a criança em causa nasceu depois de o casal se ter separado.

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