Cerca 80 porcento das Organizações da Sociedade Civil moçambicanas, principalmente as que actuam em Maputo, correm o risco de desparecer em virtude de não trabalharem directamente com as comunidades, pois preocupam-se em discutir apenas assuntos relacionados com as “elites sociais” em detrimento dos problemas que realmente apoquentam o povo, advertiu Philip Machon, coordenado do Mecanismo de Apoio à Sociedade Civil (MASC), num encontro que decorre na capital do país entre esta terça-feira (10) e quarta-feira (11).
No evento no qual participam várias organizações fazem parte, também, oito mecanismos da sociedade civil de Bangladesh, do Reino Unido, do Malawi, da Zâmbia, da Tanzânia, da Serra Leoa, do Quénia, do Gana, da República Democrática do Congo e da Zâmbia, para discutir a sua fraca influência nas políticas públicas, bem como as formas de melhorar a sua acção na implementação de actividades que promovam o bem-estar dos cidadãos das zonas em que actuam.
De acordo com Philip Machon, o que consubstancia que grande parte das OSC poderá extinguir é o facto de elas não fazerem um trabalho de base que consiste na monitoria das comunidades, disse o orador. “O trabalho deve ser feito em conjunto e as organizações da sociedade civil devem trabalhar com os comités ou grupos locais informais de modo a recolher os problemas reais das populações”.
Para o membro do MASC em Moçambique, a existência no país de muitas organizações que mostrem vontade de representar o povo sem que este se sinta representado pode traduzir-se em falta de confiança entre as partes.
“Quando se fazem marchas, campanhas, quase que não se encontra ninguém nas ruas nem pessoas da sociedade civil; nem os cidadãos, tudo porque estes não se sentem representado na sociedade civil e a sociedade civil não representa os cidadãos”, disse o nosso entrevistado.
Segundo Philip Machon as organizações da sociedade civil devem começar a lidar com as necessidades do povo, abranger e incluir os cidadãos nos seus trabalhos, pois não se entende como essas organizações não conseguem mobilizar o povo para manifestar contra assuntos importantes tais como o aumento das mordomias dos deputados e a falta da paz.