O Exército da Tailândia anunciou a imposição da lei marcial, terça-feira (20), para restaurar a ordem depois de seis meses de protestos que deixaram o país num governo funcional, mas a medida não constitui um golpe, disseram os militares.
O governo interino ainda está no cargo, afirmou o vice-porta-voz do Exército, coronel Winthai Suvari, depois do anúncio surpreendente na televisão às 3h da madrugada da terça-feira. “Essa lei marcial é apenas para restaurar a paz e a estabilidade, não tem nada a ver com o governo. O governo ainda está a funcionar como o normal”, disse Winthai à Reuters.
A Tailândia está no limbo político desde que a primeira-ministra Yingluck Shinawatra e nove dos seus ministros foram demitidos a 7 de Maio ao serem considerados culpados pela Justiça por abuso de poder. Desde então, um primeiro-ministro interino está à frente do governo.
A crise, o mais recente capítulo de uma disputa de poder de quase uma década entre o ex-primeiro-ministro deposto Thaksin Shinawatra, irmão de Yingluck, e o establishment real levou o país à beira da recessão.
O Exército, que acabou com uma onda de protestos em 2010, tem liderado inúmeros golpes desde que a Tailândia se tornou uma monarquia constitucional em 1932, sendo o último em 2006 para derrubar o ex-magnata das telecomunicações Thaksin. Tropas estavam fazendo patrulhas em Bangcoc e isolaram a região das emissoras de televisão, disse um general tailandês.
“Nós declaramos um estado de emergência, não é um golpe. Devido à situação, não está estável, eles matam uns aos outros todos os dias”, disse à Reuters o general que não quis ser identificado. “Precisamos da cooperação deles para anunciar ao povo ‘não se desesperem, isso não é um golpe de Estado’.”
O primeiro-ministro interino, Niwatthamrong Boonsongphaisan, descartou nesta segunda-feira renunciar como forma de tirar o país de uma longa crise política que está prejudicando o crescimento económico, enquanto os manifestantes antigoverno aumentavam a pressão para destitui-lo e instalar um novo governo.
Os seis meses de tumulto que incluíram protestos violentos e umas eleições gerais fracassadas está a arrastar para baixo a segunda maior economia do Sudeste Asiático, que encolheu 2,1 por cento no primeiro trimestre do ano.
O pleito de 2 de Fevereiro foi prejudicado pelos seguidores da oposição e, em seguida, declarado nulo pelo Tribunal Constitucional. Os manifestantes dizem que vão atrapalhar qualquer eleição até que mudanças no sistema eleitoral sejam promovidas.