Destemido e indiferente à eventuais represálias, Vasco Júnior, técnico de Medicina Preventiva, afecto ao Serviço da Saúde, Mulher e Acção Social da cidade de Nampula, critica frontalmente o Estado moçambicano pela alegada “transformação” da cólera em doença endémica, devido à sua persistência em várias comunidades do nosso país.
Para aquele profissional de Saúde, o governo não tem tomado as medidas adequadas no sentido de travar a cólera, dita como uma das principais causas de internamento nas unidades sanitárias. No caso concreto da cidade de Nampula, nós estamos com o problema da cólera desde o ano de 2007.
Cólera nunca foi uma doença endémica, aquilo é uma doença epidémica. Disse Vasco Júnior, que associa a ocorrência da doença à escassez de água, agravada pelo deficiente sistema de recolha de lixo, situações que, segundo sua observação, poderiam ser ultrapassadas se houvesse, de facto, vontade política. Outra inquietação, conforme referiu a nossa fonte, está relacionada com a má qualidade de ensino e alegados actos de corrupção em diversas instituições públicas.
Aquele funcionário de saúde falava no bairro de Muahivire, momentos depois de ter sido apresentado como delegado da União dos Democratas de Moçambique (UDM) ao nível da cidade de Nampula.
Vasco Júnior, antigo membro da Frelimo (Partido que, na sua opinião, não possui um programa coerente de governação), já desempenhou vários cargos de chefia no sector de Saúde, nas províncias de Niassa e Nampula. E a sua renúncia ao partido no poder e posterior ingresso no movimento dos “democratas” aconteceu no passado mês de Abril, para o qual promete (mercê da sua auto declarada capacidade de persuasão) arrastar grande número de militantes frelimistas e de outras facções partidárias.