Uma organização afiliada à Al Qaeda no Iraque e na Síria prometeu esmagar outros grupos rebeldes antagónicos e atacar partidários da Coligação Nacional Síria, grupo de oposição que tem apoio ocidental na luta contra o governo de Bashar al-Assad.
As ameaças constam numa gravação divulgada pelo porta-voz do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) na noite da terça-feira, horas depois de o líder de outra “filial” síria da Al Qaeda, chamada Frente Nusra, declarar uma trégua para interromper cinco dias de combates entre rebeldes anti-Assad.
“Esmagá-los completamente e matar a conspiração no seu berço”, disse o porta-voz, conhecido como Abu Mohammed al-Adnani. Embora a Frente Nusra e o Estado Islâmico se vinculem à rede global da Al Qaeda e acolham militantes estrangeiros, a Frente Nusra está mais focada em derrubar Assad do que em criar um emirado islâmico, que é o principal objectivo do EIIL.
O EIIL, que luta para assumir o controle de áreas dominadas pela oposição, surgiu de uma reestruturação da Al Qaeda iraquiana, mas a sua expansão para o Iraque enfrentou a oposição da direcção central da Al Qaeda, que havia reconhecido a Frente Nusra. Adnani disse que outros militantes sunitas foram atraídos para uma conspiração contra o EIIL.
“Aqueles que são de batalhões que erguem as bandeiras do islão, quem enganou-vos? Quem implicou-vos e fé-los aderirem a uma luta contra os mujahideen?”, disse ele. Na semana passada, grupos rebeldes lançaram o que parecia ser uma série de ataques coordenados contra o EIIL no norte e leste da Síria, depois de meses de crescentes tensões com o grupo.
A Coligação Nacional, principal grupo de oposição política, com apoio do Ocidente e de governos árabes sunitas, deu aval a esses confrontos. Adnani disse também que os combatentes do EIIL vão “arrancar as cabeças” de todos os líderes da Coligação Nacional e de grupos rebeldes associados.
“Matem-nos onde os encontrarem, e sem dignidade”, afirmou. “Eles lançaram esta guerra contra nós, a começaram. Portanto, quem for membro dessa entidade é um alvo legítimo para nós onde estiver, a não ser que declare publicamente a sua inocência em relação a essa seita e renuncie à sua luta contra os mujahideen.”
Não foi possível verificar a autenticidade da declaração, que teve ampla repercussão nas redes sociais islâmicas. Pelo menos 274 pessoas morreram nos combates entre rebeldes desde sexta-feira, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, ligado à oposição laica.