O ministro de Relações Exteriores da Holanda, Frans Timmermans, assino, esta terça-feira (7), um acordo com o seu colega cubano para manterem consultas políticas, rompendo com a posição da União Europeia, que limita visitas de alto nível e conversações com Cuba, governada por um regime comunista.
No segundo dia de visita a Cuba, Timmermans pediu que a União Europeia faça ajustes no seu relacionamento com a ilha, e afirmou: “Ao longo dos séculos, Havana tem sido um ponto de encontro entre a Europa e as Américas e eu acredito que ainda tem um papel importante nesse sentido.”
Timmermans, ao reunir-se para conversações com o ministro cubano de Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, elogiou os esforços de Cuba “para pôr fim ao último conflito violento na região” – uma referência ao facto de o país sediar as negociações entre o governo da Colômbia e os rebeldes locais.
Rodríguez disse que acolhia bem essa oportunidade de conversar sobre questões de interesse comum e que as mudanças em andamento na ilha representam uma oportunidade para os negócios holandeses.
Como parte das reformas de abertura ao mercado, sob o governo do presidente Raúl Castro, que assumiu o poder depois da doença do irmão, Fidel, em 2008, Cuba abriu recentemente uma zona económica no estilo chinês e está a preparar uma nova lei de investimentos estrangeiros.
Uma delegação de empresários acompanha Timmermans na visita, a primeira de um chanceler holandês desde a Revolução Cubana, em 1959. A Holanda é uma firme defensora dos direitos humanos e da democracia e apoia activamente organizações dissidentes em Cuba.
O país também mantém fortes laços comerciais com a ilha, tanto que o porto de Roterdã serve como ponto de entrada para o níquel cubano e outras mercadorias destinadas a vários países. O comércio entre os dois países totalizou 791 milhões de dólares em 2012, quase exclusivamente de exportações cubanas.
Não ficou claro se Timmermans iria reunir-se com os dissidentes antes de partir no fim desta terça-feira. A União Europeia adoptou o que é conhecido como “posição comum” em 1996, que condiciona as suas relações com Cuba ao progresso na direcção de um sistema político pluralista e de respeito aos direitos humanos.
Cuba rejeita essa política com base no argumento de que interfere nos assuntos internos da nação. “Acho que o diálogo é um caminho melhor do que voltarmos as costas um para o outro”, disse Timmermans na segunda-feira.
“Acho que é hora de a Europa rever a sua posição sobre Cuba e ver se podemos negociar uma nova posição em relação a Cuba”, disse ele durante a abertura de um programa de treinamento de futebol em Havana, apoiado por jogadores holandeses.