O presidente de Israel, Shimon Peres, qualificou nesta quarta-feira de “escandaloso” e “parcial” o informe da ONU, divulgado na terça-feira, que responsabiliza Israel por seis incidentes mortais em Gaza, em dezembro e em janeiro.
“Não aceitaremos uma palavra do informe”, disse Peres à imprensa, acrescentando que é “injusto” para com o estado hebreu. “Estamos indignados porque não faz nenhuma menção ao Hamas”, precisou, afirmando que se o movimento armado islâmico não tivesse lançado foguetes sobre o território israelita, o exército hebreu não teria feito qualquer intervenção na Faixa de Gaza, de onde Israel havia saído em 2005.
Peres fez questão de excluir de suas críticas o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, estimando que não responde pelo conteúdo do informe. “Tenho a mais alta estima pelo secretário-geral”, disse. Segundo o relatório da ONU, elaborado por uma comissão de especialistas, Israel é responsável por seis episódios que provocaram mortes durante sua ofensiva na Faixa de Gaza. “Em seis dos nove incidentes examinados, os mortos, feridos e as destruições foram causados por ações militares das Forças de Defesa de Israel (IDF), usando munições lançadas do ar ou do próprio solo”, diz um resumo do documento enviado ao Conselho de Segurança e comunicado à imprensa.
O quartel-general da Agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinos (UNRWA) e várias de suas escolas foram atingidas por ataques israelitas durante a ofensiva que fez mais de 1.400 mortos palestinos. “Nenhuma atividade militar foi iniciada em instalações da ONU no momento desses incidentes”, acrescenta o informe.
O documento acusa o governo de Israel de não ter “feito esforços suficientes, nem tomado as precauções necessárias para cumprir com a responsabilidade de respeitar a inviolabilidade das instalações da ONU e proteger os civis nesses lugares”. “As ações das forças israelenses envolvem diversos graus de negligência e de imprudência” em relação a essas instalações e seus ocupantes, e “tiveram como consequência mortos, feridos e danos materiais”, acrescenta o documento.
A comissão investigadora recomenda à ONU que exija de Israel “um reconhecimento formal de que eram falsas suas afirmações públicas no sentido de que palestinos haviam efetuado, no dia 6 de janeiro, disparos a partir da escola Jabalia da UNRWA e, no dia 15 de janeiro, do escritório desse organismo. Também recomenda que a ONU inicie os trâmites para fazer com que Israel pague as indenizações pelos gastos resultantes desses episódios.